SELO 2016

A saúde é uma das temáticas que mais preocupa o bauruense.

Ana Giese/Círculo

Dados da prefeitura da cidade, indicam que a rede municipal de saúde dispõe de 3 unidades de assistência farmacêutica, 17 núcleos de saúde, seis unidades de saúde da família, seis unidades de saúde mental, oito unidades de urgência e de pronto atendimento, oito unidades referenciais, 42 consultórios odontológicos, sendo esses 25 em escolas estaduais, 11 em escolas municipais, duas equipes transportáveis. Há ainda um Consórcio Intermunicipal de Promoção Social, um Departamento de Apoio Operacional, uma Unidade Móvel Operacional, uma Unidade Móvel de Saúde, além de quatro programas municipais desenvolvidos (Saúde do Adulto, Saúde da Criança, Saúde da Mulher e o Saúde Geral). Um raio X do sistema, mostra que, apesar dos números, a infraestrutura que tem sido insuficiente para atender a demanda.

O tema saúde foi um dos mais votados na enquete realizada pelo Círculo sobre os desafios que o futuro prefeito de Bauru terá de enfrentar nos  próximos quatro anos.

A espera por atendimento nas unidades básicas de saúde de Bauru. Foto: Amanda Sampaio

A espera por atendimento no Núcleo de Saúde Jardim Redentor: Dr Fidelis Barriel, de Bauru. Foto: Amanda Sampaio/Círculo

Segundo a estudante de 19 anos, Bianca Pauline Avanço da Silva, a falta de médicos é um problema constante. “O sistema é bem precário, ele funciona às vezes baseado na insistência da pessoa, porque, por exemplo, eu já fui várias vezes pedir exames e consultas em alguns postos de saúde aqui no Mary Dotta, perto da minha casa, e eles simplesmente dizem que não tem médico para fazer a consulta”, diz. Bianca, que mora junto com a família em Bauru e faz parte dos quase 370 mil habitantes da cidade, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Por ser um polo regional, a cidade atrai pessoas de municípios vizinhos em busca, inclusive, desses atendimentos a saúde na rede hospitalar. A dificuldade em atender a toda essa demanda para consultas e outros tipos de atendimentos tem sido observada nos últimos anos.

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A estudante Bianca Pauline fala sobre as dificuldades da saúde no município

eu já fui várias vezes pedir exames e consultas em alguns postos de saúde aqui perto da minha casa e eles simplesmente dizem que não tem médico para fazer a consulta”

 Bianca Pauline Avanço da Silva, 19, estudante

A espera também é longa para obtenção de exames. Dependendo da especialidade, ela pode chegar a meses, comprometendo inclusive o tratamento.

Para muitos a alternativa é recorrer aos planos de saúde, que também demonstram sinais de sobrecarga. “Muita gente está pagando plano de saúde para poder ter um atendimento melhor, e isso acaba aumentando o número de pacientes em clínicas e hospitais particulares.  Imagina quem precisa de saúde pública”, comentou Bianca.

Em entrevista à série Eleições 2016, uma parceria entre Círculo, Webrádio Usc, RP Comunica e Agência G-15, veiculada no primeiro turno, os dois candidatos que disputam esta segunda etapa do pleito eleitoral apresentaram algumas de suas propostas para a saúde.

Melhoria em gestão e informatização 

Clodoaldo Gazetta (PSD) destaca a necessidade de desburocratização e agilizar os processos para o atendimento à população.  “Hoje você tem uma saúde pública que não é informatizada e ai você tem uma pessoas que entra no sistema, no posto de saúde por exemplo, ela precisa de um exame e a primeira coisa que o médico pede para ela, uma dor na perna vamos pegar um exemplo prático, o médico pede uma ressonância magnética só que ai como ela vai demorar de seis meses a três anos para conseguir fazer a ressonância magnética, até mais do que isso, ela vai começar a entrar no sistema”, afirma.  Além de causar uma verdadeira peregrinação dos usuários, a falta do cruzamento de dados ocasiona sobrecarga do sistema. “Então ela foi no posto de saúde não conseguiu resolver o problema dela, ai ela vai na UPA, não consegue resolver o problema dela, mas ela está sendo atendida e está impactando financeiramente o município por que ela vai lá recebe medicamento, o médico da UPA também pede uma ressonância, o médico posto pediu e o médico da UPA também, ela não consegue, vai em uma terceira UPA, uma quarta e aí ela vai no pronto socorro, entrou cinco vezes no sistema como o sistema não é informatizado você não sabe que ela entrou, não sabe quantos medicamentos ela pegou, quais são os exames que ela pediu e ai quando você não tem essa informação claro que você vai perder mais dinheiro do que vai ter para cuidar dessa pessoa”, diz.

O candidato defende também em seu plano de governo um hospital de pequeno porte na cidade para atender as pessoas, principalmente em internações. “Nós perdemos 513 pessoas nos últimos oito anos que morreram na fila de espera do pronto socorro por falta de vagas nos hospitais. Não eram pessoas de idade eram até jovens”, afirma. “Nós temos hoje na cidade quatro UPAs funcionando, três são pagas pela prefeitura em parceria com o Governo Federal e uma só com recursos da prefeitura, a UPA do Mary Dota. A UPA do Bela vista custa para os cofres municipais R$ 1 milhão de reais por mês para sua manutenção e funcionamento, o hospital de São Carlos ligado á Universidade de São Carlos, que tem o mesmo número de leitos da nossa UPA, tem de custo para universidade R$ 1 milhão e 100 mil reais, então nos já estamos gastando dinheiro de um hospital de pequeno porte e não temos um de retaguarda para o município”, compara. “Está vendo como é gestão, se você melhorar a gestão da saúde pública, como melhorar a da prefeitura e das sub prefeituras, você consegue economizar recursos e conseguem investir em outras áreas mais importantes para cidade”.

Mais leitos

Para o candidato do PV,  Raul Gonçalves, há “um gargal” muito grande que são os leitos de internação e UTI (Unidade de Terapia Itensiva) na cidade. “Você não tem hoje número de leitos que são compatíveis com os indicadores técnicos do próprio ministério da saúde, então a conta é feita assim 2,5 leitos para cada 1.000 habitantes, a hora que se aplica esses indicadores para o nosso índice municipal você vai ter exatamente a necessidade de 750 leitos à disposição de Bauru.”, afirma. Para ele, quando o cálculo é baseado na soma da demanda já reprimida e também as demandas da região. “Só não esta pior porque 25% da população bauruense também tem plano de saúde e vai utilizar os hospitais particulares se não as coisas estavam um pouquinho pior em relação as vagas”.  O candidato promete “batalhar” por mais leitos com base em estudos técnicos. Uma saída seria, segundo ele, incursões políticas, e exigir contrapartidas de instituições de ensino que trarão para Bauru a Faculdade de Medicina. “Seria o momento da gente começar a discutir isso e não esquecer que os leitos de UTI também precisam ser dobrados, nos já temos 40 leitos de UTI à disposição de Bauru, sendo que nos deveríamos ter uma demanda de 10% da disposição desses números de leitos, desses 750 leitos, a gente deveria ter pelo menos 75”, diz.  O processo, entretanto, não é tão simples, destaca o candidato que também é médico. “Você tem que credenciar ele junto ao Ministério da Saúde, vai receber uma verba complementar para poder tratar o paciente de unidade de UTI e o custo de um paciente desse é diferente de um paciente que está no quarto, são pacientes bem mais caros de ser mantidos internados. Então se você for querer fazer isso só com um recurso próprio de uma instituição ela quebra, ela tem que ter o dinheiro entrando de uma forma organizada, então nos temos que cada vez mais solicitar leitos de UTI para a cidade de Bauru” disse Raul Gonçalves.