Conheça a história da pianista Karin Fernandes, que tocou na Universidade do Sagrado Coração no mês de outubro

Ednan Gomes

Seus lábios pintados por um vermelho escarlate, contrastando com sua pele branca, emolduravam, durante a entrevista, o sorriso acolhedor e simpático da pianista Karin Fernandes. Assim como em muitos casos, sua relação com a música começou desde a infância: quando tinha um ano, seus pais compraram um piano, pois sua mãe gostava de tocar o instrumento e tinha o sonho de ser pianista. “As pessoas fantasiam muito [com a vida de pianista], porque para aguentar a carreira, mal sabem que temos que estudar muito, até mesmo nos feriados. Não é fácil”, explica.

Aos quatro anos, ela aprendeu a brincar com os sons, a partir do processo de musicalização infantil. Três anos mais tarde, Karin foi matriculada pela mãe na aula de piano. “Eu detestava do começo, eu estudava obrigada”, confessa aos risos. Essa antipatia inicial ao instrumento de seu por que, as lições aconteciam no fim da tarde, depois da escola, num momento em que Karin queria ir para casa brincar com as bonecas e descansar.

Com dez anos de idade, sua relação com a música se modificou: Karin participou de um concurso de piano e ganhou levando um prêmio em dinheiro, com o qual, comprou uma boneca. Aos risos diz: “A partir daí eu descobri que poderia estudar, para ganhar concursos e comprar as coisas que eu queria”. Quando perguntada sobre o momento da sua vida em que ela realmente decidiu ser pianista, Karin responde que foi algo natural. “Sei lá, acho que foi acontecendo. Eu vi que tinha facilidade pra tocar e fui me desenvolvendo nisso”.

Porém, sua relação com o instrumento foi cheia de idas e voltas. “Tinha uma época que eu nem tinha mais piano em casa. Eu ensinava a crianças em aulas particulares, mas eu mesmo parei de tocar várias vezes”, comenta ela, explicando que não sabe direito os motivos que a levavam a voltar a tocar.

Karin tocou profissionalmente pela primeira vez aos quinze anos, no Theatro Municipal de São Paulo, como prêmio de um concurso que havia ganhado. Aliás, vencer prêmios é uma de suas especialidades: ela tem no currículo 21 prêmios em competições, e uma delas foi o “X Prêmio Eldorado de Música”, em 1999, onde conquistou o voto de todos os jurados. “Essa foi a última edição desse concurso e foi também a mais concorrida. É um orgulho ter ganhado, pois, lá não estavam disputando apenas pianistas. Havia corais, percussão, violinistas entre outros”.

Karin é formada em Música pela Universidade São Judas Tadeu, instituição que escolheu para ter aulas com a professora Lílian Pires de Campos, pois admirava seu trabalho. “Desde pequena, as apresentações os alunos dela chamavam a minha atenção. Eles tinham presença de palco e uma boa técnica. Prestei vestibular para instituições públicas, mas eu queria ter aula com ela”, conta.

Dos onze CDs que tem gravados, oito deles conseguiram ser concretizados porque ela procurou patrocínio. “Eu acho bacana isso, pois, a maioria dos pianistas que eu conheço, fica em casa esperando alguém convidar. Eu não. Se eu quero tocar algo diferente, eu corro atrás de fazer o projeto acontecer”.

Karin, quando questionado sobre o que é a vida, ela demora um pouco até resumir sua resposta em uma forte palavra “Mistério”. E continua “E nem sei se um dia vamos descobrir algo a mais sobre esse grande enigma”, finaliza.