“O hábito do descartável é o principal malefício das aquisições exageradas”, aponta professor de filosofia Wellington Sversut


Vitória Maffei

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O consumo infantil tem aumentado muito nos últimos anos, aquisições desenfreadas têm trazido não só para as crianças como também para os adultos consequências que vão da saúde a economia da família. Isto se deve ao fato da sociedade estar cada vez mais consumista e a inversão de valores de datas tradicionais no calendário cristão, tendo como exemplo o Natal. Segundo o professor de filosofia Wellington Rogério Sversut o hábito do descartável é o principal malefício das aquisições exageradas. “No consumo, os produtos são feitos com vida ‘útil’ curta, assim vira lixo em pouco tempo. Extrapolamos esse hábito para outras dimensões e descartamos pessoas em asilos e orfanatos, animais na rua e uma quantidade de resíduos em todos os lugares possíveis. As crianças ‘aprendem’ que se uma coisa não ‘funciona’ mais é só jogar fora e comprar outra”, relata o Wellington.

O natal é uma data que reforça o consumo pela ideia de se presentear todos os entes queridos. Wellington ressalta que qualquer pessoa que não compre presentes e nem faça a ceia com produtos específicos parecerá ser alguém de outro mundo e completa dizendo que a data já não é mais lembrada pelo real significado judaico-cristã. “O fenômeno do natal está, no imaginário, mais ligado ao Papai Noel do que a Jesus Cristo. Acredito que se fizermos uma pesquisa perguntando para as crianças sobre quem é a pessoa símbolo do natal a resposta campeã será o Papai Noel”, conta o professor.

A solução para a sociedade consumista é complicada, uma vez que vivemos nesse sistema. Reinventar o modo de viver com um método de trocas ao invés de descarte parece ser o mais viável.

Consumismo infantil

A publicitária Izabel Cristina Torres Silva contou que o cenário para este público já mudou muito. “No início, com algumas restrições, mas mais liberal, utilizando certa apelação, como induzir a criança a pedir aos pais por determinado brinquedo. E atualmente, como isso não é mais permitido, o desafio das marcas é encantar as crianças com aquilo que elas realmente podem fazer com os seus brinquedos: utilizar a imaginação” explica Izabel.

A publicitária explica que o consumismo infantil é um assunto sério. “Além de uma publicidade que chamamos de ‘saudável’, que não seja impositiva à criança, precisamos contar também com o bom senso dos pais, educando de uma forma que a criança entenda que tudo pode ser comprado, sim, mas custa tempo, esforço, trabalho, dinheiro” diz Izabel.

O natal foi reconhecido por ela como uma das melhores datas para o ramo publicitário, além de atingir as crianças também conquista o que ela chama de, “crianças” grandes com faixa etária entre 14 e 18 anos.