Esses xingamentos são muito comuns quando há discussões sobre política, tanto na rua como na internet. Mas por que o radicalismo é tão intenso?

Por André Donati

No final de outubro, o ex-senador Eduardo Suplicy estava numa livraria quando foi hostilizado por manifestantes, gritando que ele era “a vergonha do Brasil”. O episódio mostra o que já acontece desde o final do ano passado: militantes partidários se enfrentando ferozmente na internet. No meio dos gritos de “coxinha” e “petralha”, existe a dúvida? Por que tanto radicalismo?

O professor de psicologia da Universidade do Sagrado Coração, Rinaldo Correr, afirma que o radicalismo político não é tão diferente de outros extremismos existentes, como o religioso ou o esportivo. O professor diz que, quando criança, uma pessoa sofre bastante influência de parentes próximos, principalmente dos pais. Ao longo do tempo, outras influências aparecem, como amigos, mídia ou religião, e tudo isso vai formando as opiniões pessoais.

Mas a questão principal ainda não foi respondida. Como uma pessoa se torna tão radical a ponto de chamar um jornalista de coxinha golpista quando ele critica uma política do PT ou de petralha comunista quando a crítica é direcionada pera o PSDB? Correr explica que existe o comportamento coletivo. Todos se unem frente uma única paixão, que novamente pode ser um partido político, um time ou uma religião. E se algo der errado, basta jogar a culpa no outro lado e pronto. Então, para um tucano radical, tudo que estiver errado é culpa da Dilma e de ninguém mais, mesmo que em certos casos a presidente não tenha nada a ver com isso. Por outro lado, para um petista, se existem problemas é porque a mídia golpista está conspirando.

E para quem não gosta de política ou não aguenta mais ver essa briga? A dica é simples. Se você tiver um amigo que é politicamente radical, evite falar sobre o assunto. Fale sobre futebol ou carros. Mais cuidado, pois se for radical nesses pontos também, vai lhe causar mais dor de cabeça ainda.