Thiago Navarro fala sobre o fazer jornalístico aos alunos do primeiro ano. (Foto: Samuel Bueno)

O jornalista Thiago Navarro, de 29 anos, repórter do Jornal da Cidade, de Bauru, participou no último dia 19, da atividade de Entrevista Coletiva, na disciplina de Técnicas de Reportagem, Entrevista e Pesquisa Jornalística. Na ocasião, ele levou um pouco da sua experiência aos alunos do primeiro ano que puderam elucidar dúvidas, além de levantar questionamentos acerca da profissão.

O convidado, que se formou em 2012 pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), abordou entre outros assuntos, avanços trazidos para a profissão pela tecnologia e quanto a internet se desenvolveu e ganhou espaço na sociedade. Ao relembrar uma pergunta realizada por seu professor em seu primeiro ano de faculdade, lá em 2007, na qual o mesmo perguntou para a turma de Thiago quantos gostariam de chegar nos principais meios da época que eram a rádio, a TV e o impresso, excluindo a possibilidade da internet (já existente) se tornar um grande meio. “A internet ocupou um espaço que ela não possuía, a forma de fazer notícia hoje é muito mais rápida, os jovens que hoje possuem entre 15 e 30 anos, gostam de acompanhar as notícias pela internet e se acostumaram com sua linguagem […]”

“A  informação chega mais rápido para as pessoas,a internet tem uma rapidez muito grande em transmitir as notícias […] Os jovens gostam de acompanhar as notícias pela internet e acabam tendo facilidade de lidar com a mesma. A liberdade da internet é maior”.

Contudo, Navarro destaca que, apesar das facilidades, diante deste contexto, as responsabilidades também aumentam. 

A importância de se averiguar todo conteúdo que um jornalista produz foi acentuada. Para ele, fazer um trabalho investigativo, as denúncias recebidas de fora da redação devem ser apuradas, pois o compromisso de um jornalista é entregar uma matéria limpa, didática e verdadeira. “As vezes o repórter acaba entrando num padrão, mas esse olhar investigativo é muito importante, ter o olhar crítico é importante sempre, e se olharmos tudo de uma maneira desinteressada, não chegaremos a uma pauta mais crítica”, disse. “A gente tem que ter o olhar crítico sempre”, reforçou. 

O entrevistado foi indagado sobre a questão do posicionamento político dos veículos e também a questão da isenção jornalística. “Temos deixar de lado nossas preferências políticas Segundo ele, os veículos brasileiros tentam passar uma ideia de isenção. “O público tem o direito de saber o posicionamento dos veículos”. 

Outros aspectos que levantaram questões dos estudantes foi o início de carreira do repórter  no esporte, como assessor do EC Noroeste, e seu momento atual na editoria de política. O jornalista destaca a importância dessa experiência de ver a informação de perto, de sempre estar por dentro da notícia e acima de tudo da neutralidade . “A partir do momento que você cobre uma matéria de política, você não pode se colocar como protagonista e montar um artigo de opinião, você deve sempre procurar retratar de uma forma digna o que de fato ocorreu”, diz. Ele ainda lembra que é muito importante ter fontes nas áreas em que se atua, porém diz que isso leva um certo tempo para se conquistar.

O convidado responde a perguntas dos alunos.  (Foto: Samuel Bueno)

O entrevistado diz crer que a área que mais emprega jornalista hoje em dia é a assessoria de imprensa este  mercado  casa diretamente com a atualidade, visto a imagem de um indivíduo ou empresa serem constantemente “vigiados” via redes sociais , e por outro lado é área como menor visibilidade , quando se pensa em ser jornalista normalmente não é nesse sentido, “nem tudo que a gente sonha tem mais mercado.

A atividade

A proposta é fazer com que os estudantes do curso de Jornalismo possam simular uma situação de entrevista coletiva e também aproximá-lo das dinâmicas que envolvem a profissão e o mercado de trabalho por meio de profissionais da área ou convidados relacionados à problemáticas sociais contemporâneas.

Para o exercício, os alunos foram divididos em grupos. Um deles ficou encarregado  de entrar em contato com o convidado e fazer a pauta, levantando informações sobre ele, além de outros aspectos da produção. A eles também competia controlar a dinâmica da entrevista (tempo, condução, apresentação do convidado e encerramento). Outro grupo foi incumbido de elaborar questões para serem abordadas com o entrevistado  e redigir reportagens e  entrevistas pingue-pongue (perguntas e respostas). Para outra equipe, a função era editar o texto a ser publicado. Dois alunos ficaram responsáveis pela cobertura e edição fotográfica. Por fim foram produzidos dois textos (este e uma entrevista pingue-pongue) publicados no Círculo como forma de exercitar as técnicas apreendidas durante o semestre. Assim, a ideia era dar uma dimensão de um processo jornalístico.

Ana Claudia Arruda, uma das repórteres da entrevista coletiva. (Foto: Julia Picolo)

A aluna Ana Claudia Arruda  conta como foi a experiência.  “Na entrevista realizei duas perguntas, uma referenciando a autora Marguerite Duras sobre quando ele percebe não ser apenas mais um jornalista, e ele respondeu que a experiência, a confiança e a liberdade para escrever matérias mais longas influenciam para que o texto seja mais autoral”.

Arruda também indagou o entrevistado  sobre o aumento do uso das redes sociais, o quanto influência diariamente na profissão, e como ele avalia essa nova comunicação na política de Bauru? Segundo ele, ela ainda é lenta, precisa de melhorias até pelo fato de ser algo muito novo e muito políticos não terem a facilidade de utilizar essas novas tecnologias.

Após momentos de diversas risadas e choques de realidades quanto ao meio, e relatos do entrevistado , os alunos do primeiro ano saem com uma rica experiência de um olhar de dentro e jovem no jornalismo , compreendendo um pouco das transições que estão sendo feitas e também moldando aquilo que será o futuro.

“Participar da entrevista coletiva foi bem interessante, desde criar as perguntas até redigir a reportagem tudo em grupo e também foi bem diferente o sistema de cada um fazer uma pergunta por vez e a partir disso analisar as respostas para que não repetisse perguntas”, apontou a aluna. “E isso agregou muito para o meu futuro profissional pois mostra o quão importante é prestar atenção nas perguntas de colegas, imaginando uma situação onde os demais repórteres são de veículos diferentes, e também ensinou como funciona uma entrevista coletiva e sua complexidade”, acrescentou.

 

Prof. Ms. Vinicius Carrasco, me ministra a disciplina,  e o jornalista Thiago Navarro. (Foto: Julia Picolo)

Nos dois últimos anos participaram do exercício as jornalistas Amanda Araújo, do Social Bauru, e Lidiane Oliveira, da TV Câmara-Bauru. 

Por Gabriela Magro, Kleber Camargo e Maria Eduarda Decourt,   Leonardo Cerino,  Nicolas Morales – colaboração para o Círculo. (com edição de Caio Gasparetto e Vinicius Carrasco)