SELO 2016

Na análise para a série Eleições 2016,  professor da USC  fala sobre  participação política, cidadania, representatividade feminina e a necessidade de despertar interesse dos jovens pela política 

A série Eleições 2016 trouxe neste sábado (01/10),  a entrevista com o doutor em Ciência Política pela Universidade de São Carlos  (UFSCAR) e professor da Universidade do Sagrado Coração (USC), Bruno Vicente Lippe Pasquarelli. O programa veiculado, às 13h, com reprise às 19h, pela Webrádio USC,  faz parte de uma iniciativa em parceria entre Círculo – Jornal Laboratório, WebrádioAgência G-15 e RP Comunica, da Pró-Reitoria de Extensão e Ação Comunitária da Universidade do Sagrado Coração. O objetivo é informar você eleitor na hora do voto.

  Bruno Vicente Lippe Pasquarelli  é membro do Centro De Estudos de Partidos Políticos Latino-Americanos (CEPPLA), da UFSCAR, desenvolve pesquisa sobre instituições políticas comparadas, processo decisório, relações executivo/legislativo e política externa no Brasil e no Chile, entre outros temas.

O cientista político Bruno Pasquerelli destaca a importância de se criar consciência no eleitor

O cientista político Bruno Pasquerelli (USC) destaca a importância da conscientização do eleitor

Em sua entrevista, o cientista político faz uma análise sobre as eleições e aborda a importância do voto no cenário político atual e destaca o que o eleitor deve levar em conta na hora de escolher o candidato.

 

ELEIÇÕES 2016 – Professor, um cenário de recentes escândalos de corrupção, descrédito nos partidos, instituições políticas e políticos em geral, nos vemos diante das eleições municipais. O que dizer para o eleitor com relação à importância do voto e sua relação com o exercício da cidadania?

 Bruno Pasquarelli – O processo de democracia e redemocratização Brasil começou na década de 1980 e ele vem se fortalecendo até agora. É um processo que demora, não é um processo automático que vai tornar as instituições fortes, que vai tornar o eleitor extremamente consciente. De pronto você tem que criar uma consciência, criar um hábito democrático no eleitor. E considerando que a cidadania envolve direitos civis, direitos políticos e direitos sociais, é extremamente interessante e importante que, em uma democracia, ela fortaleça a questão dos direitos políticos, que ela que ela estimule o eleitor a votar, que ela estimule o cidadão a ter consciência da importância dele para o sistema democrático, para legitimação do sistema democrático e para o fortalecimento das instituições em si.

 

ELEIÇÕES 2016 – Na sua avaliação, os episódios recentes na política podem ajudar a melhorar a classe política?

Bruno Pasquarelli – Com certeza, a gente tem nos últimos anos um combate maior à corrupção. Foram criados diversos mecanismos jurídicos e políticos de combate à corrupção e isso foi sendo fortalecido nos últimos anos. A gente pode ver que mais ou menos, até a década de noventa não tinha tanta divulgação desses esquemas de corrupção como tem agora. Então as pessoas passaram a compreender mais que essa corrupção, ela existe não só no sistema político, mas na sociedade como um todo e isso está sendo muito mais divulgado e combatido nos últimos anos por diversas instituições e é importante ter essa divulgação que as instituições tanto políticas quanto jurídicas combatam a corrupção.

 

ELEIÇÕES 2016 – Com relação às eleições municipais: quais os principais desafios do futuro prefeito de Bauru, na sua opinião?

Bruno Pasquarelli – Acho que os temas são praticamente os mesmos, educação, saúde, segurança, que é o que o eleitor está realmente interessado. Ele quer uma educação melhor para o filho dele, ele quer uma vaga no hospital quando ele necessita. Ele quer sentir uma sensação de segurança relativamente boa e não essa sensação que a gente tem hoje em dia que a gente está sempre inseguro. Então eu acho que são esses três principais temas além da questão ambiental também que é muito importante, que é uma questão que está muito em voga nos dias atuais; a questão da sustentabilidade. Então são temas muito abrangentes e que o prefeito deve saber lidar, manejar todos esses temas para tentar agradar minimamente a população.

 

ELEIÇÕES 2016 – Os planos de governo e propostas dos candidatos contemplam todos esses problemas?

Bruno Pasquarelli – Grande parte sim, grande parte contempla. Os planos de governo, na maioria das vezes acabam repetindo a questão do partido em si, a questão dos planos dos partidos. Alguns tem algumas especificidades que estão colocadas nos programas, mas acima de tudo o debate é muito importante, não somente você ter acesso aos programas, mas você procurar observar os debates entre os candidatos a prefeito, ver as formas de divulgação das ideias dos candidatos a prefeito e até mesmo fazer perguntas para eles, muitos estão disponíveis, fornecem e-mails e celular… É interessante a população ter essa forma de contato, não se ater somente aos programas partidários que são um mecanismo importante, mas acima de tudo essa conversa com o eleitor, essa conversa entre os próprios candidatos é muito importante também para nós conseguirmos ver essas propostas dos candidatos a prefeito e dos vereadores também.

 

ELEIÇÕES 2016 – De modo geral, como o senhor avalia o andamento das campanhas até aqui?

Bruno Pasquarelli – Acredito que as campanhas foram boas, o grande problema dessas campanhas, tanto no nível municipal, quanto no nível federal, elas acabam sendo um pouco engessadas, elas têm o grande problema do tempo que os candidatos têm, às vezes o tempo é muito pequeno, o tempo é muito grande, e são peças publicitárias que nós vimos na TV, algumas são extremamente maquiadas, mas é importante. No geral elas estão correndo bem, os candidatos estão conseguindo passar algumas propostas, mas acima de tudo, o debate, a meu ver é muito mais do que as campanhas em si. A questão dos debates entre os prefeitos, a questão das entrevistas, é nessa questão que você consegue efetivamente ver as propostas deles.

 

ELEIÇÕES 2016 – Qual a orientação para a escolha do candidato a prefeito? O que o eleitor deve levar em conta?

Bruno Pasquarelli – Primeiro a gente tem que entender que o eleitor considera diversos motivos ao votar. Não cabe a nós julgar se ele está votando bem ou votando mal. A gente tem que compreender que o voto do eleitor é um voto de acordo com as motivações dele. Então, independente se o eleitor vota por uma questão de saúde, por uma questão de educação, o eleitor vota, isso é importante. Então, nós como cientistas políticos a gente tem que entender que o processo de voto, ele envolve várias percepções, várias opiniões, do eleitorado e que todas devem ser consideradas. Mas eu acredito que cada um, novamente, deve votar de acordo com o que bem entender, mas não olhando só para si, mas tentando pensar o bem comum da sociedade, pensando em questões da saúde, questões ambientais, de segurança, visando não somente, nós mesmos, mas todos em uma coletividade, mas todos que podem se beneficiar de medidas públicas em geral.

 

 ELEIÇÕES 2016 – Os municípios têm enfrentado problemas com relação à questão orçamentária e às necessidades a serem atendidas com urgência. Qual seria a alternativa para esta questão do ponto de vista da Ciência Política?

 Bruno Pasquarelli –  Primeiro a gente tem que entender que o Brasil é federalista e que a União repassa os valores aos estados e municípios. E acima de tudo você tentar formular políticas públicas que envolvam uma otimização dessa utilização dos recursos pelo município, com prestação de contas adequada e retornando isso para união de uma forma que a união consiga fazer essa prestação de contas adequada. Mas ai envolve você criar projetos de lei adequados para cada município e o grande problema é que os projetos de lei são votados pelos deputados e os deputados têm interesses particularistas e eles acabam privilegiando o município deles, a região deles e isso acaba de uma forma ou de outra distorcendo a questão do orçamento. Alguns municípios recebem mais, outros recebem menos, então você tem que, acima de tudo, realizar projetos de lei propondo uma efetiva prestação de contas dos municípios e que isso tenha uma certa adequação na União e não apenas de interesses particularistas dos deputados, por exemplo.

 

ELEIÇÕES 2016 – A questão da governabilidade é um aspecto importante e que também já deve ser pensado pelos candidatos desde o momento da campanha?

Bruno Pasquarelli –  Sim, a governabilidade é intrínseca ao sistema político brasileiro, tanto no plano federal, estadual e municipal. Para você formar uma base estável de governo você tem que considerar uma base de partidos, então, não adianta nada determinado partido ser eleito paro poder Executivo, seja no nível federal, estadual ou municipal e ele não ter o respaldo das cadeiras legislativas. Ele tem que ter o mínimo de apoio e para isso ele tem que construir uma coalizão.  É preferível que ele construa as coalizões de acordo com as preferências do partido, de acordo a ideologia do partido, se o partido é de esquerda, de centro ou de direito. A gente sabe que isso não acontece. Que para governar um partido de esquerda ele tem incorporar um partido de direita no governo, um partido de direita ele tem que incorporar partido de esquerda e é ai que começam as desavenças.  A governabilidade é um fator determinante no sistema político, em qualquer esfera, em qualquer nível, isso é extremamente importante para o sistema funcionar, mas é um sistema que tem muitos erros, mas é um sistema que depende muito dessa governabilidade, depende muito dessa troca de favores entre poder executivo e poder legislativo, porque ao mesmo tempo que o poder executivo apoia os projetos ele quer alguma coisa em troca e ai que surge, por exemplo, a corrupção.

 

ELEIÇÕES 2016 – Com relação ao Legislativo, os eleitores poderão escolher entre os 286 candidatos para 17 vagas na Câmara Municipal. Qual a orientação para os 263 mil 470 eleitores de Bauru e eleitores em geral com relação à escolha dos vereadores diante de tantos candidatos?

Bruno Pasquarelli –  Acima de tudo procurar ver a proposta ideal para cada eleitor. Cada eleitor deve pensar no seu voto, se o candidato enfatiza a questão ambiental, da saúde, da educação, procurar algum candidato que tenha isso na sua proposta. E isso dificilmente vai ser visto nas campanhas que estão sendo veiculadas nas TVs e nas rádios. O ideal é tentar entrar em contato, a maioria desses candidatos a vereadores têm uma certa flexibilidade, um certo contato com a população porque é de interesse deles, então acima de tudo, e uma coisa que falta muito no Brasil é você entrar em contato com os políticos, procurar ver as propostas deles, procurar saber o que eles querem e depois deles serem reeleitos acompanhar o que eles estão fazendo. Isso qualquer cidadão pode fazer, tem o direito de fazer e grande parte não faz. Então se você vota num vereador, num deputado, num presidente, você tem que acompanhar o que ele está fazendo, você tem que acompanhar os projetos de lei dos vereadores e grande parte da população não faz isso. Tem diversas ferramentas, diversos sites que a gente pode ver esses projetos de lei, ver o que realmente foi proposto e até procurar mandar e-mail, entrar em contato para realmente observar se o legislador ele está prestando atenção para as demandas da população. Então, acima de tudo a população deve considerar o que ela quer, o que o eleitor quer, baseado nisso ela vê as propostas de cada um, mas acima de tudo, depois de eleito ela tem que acompanhar o que o vereador dela está fazendo, cobrar dele e procurar de alguma forma mostrar pra ele que está insatisfeita com as medidas que ele está tomando ou satisfeito.

Acima de tudo a população deve considerar o que ela quer, o que o eleitor quer, baseado nisso ela vê as propostas de cada um, mas acima de tudo, depois de eleito ela tem que acompanhar o que o vereador dela está fazendo, cobrar dele e procurar de alguma forma mostrar pra ele que está insatisfeita com as medidas que ele está tomando ou satisfeito.”

ELEIÇÕES 2016 – Nesse cenário de escolha, o que considerar já que muitas pessoas desconhecem o real papel do vereador. Qual seria o papel do vereador no seu ponto de vista?

Bruno Pasquarelli – O papel do vereador é realmente atender as demandas da população, propor projetos de lei benéficos considerando as políticas públicas de acordo com os vários interesses e as várias áreas. O grande problema é que os vereadores, não só de Bauru, mas de várias cidades, estão extremamente ligados à questão da governabilidade. Então, às vezes, o interesse dele, ele vota de acordo não com  o interesse dele, mas de acordo com o que o poder executivo, no caso, o prefeito, vai propor. Isso acontece muito, por exemplo, na  Câmara dos Deputados, em Brasília, os deputados tem que seguir o que o partido impõe e nem sempre é o que o deputado quer. Isso acontece também no plano municipal. Então, mas acima de tudo é propor um projeto de lei que seja benéfico para a população que seja benéfico para a população, incentivando esporte, lazer, cultura, educação, todas as áreas que possam ser delimitadas como políticas públicas.

 

  ELEIÇÕES 2016 É possível assegurar representatividade no sistema político atual, em que vimos o caso da suplente de Dracena, na região de Presidente Prudente que tomou posse como vereadora com apenas um voto?

Bruno Pasquarelli – Esse é também um dos grandes problemas do sistema político brasileiro que é o sistema proporcional, que distorce. Um partido, se tem um puxador de votos, que vai ser eleito com um grande volume de votos, ele acaba puxando um outro vereador que tem um número pequeno de votos. Esse é um problema que a meu ver necessita de debate para tentar buscar uma reforma em alguns aspectos. Então, ao meu ver, a reforma política é essencial no Brasil, por mais que isso leve alguns anos, por mais que isso demore para ser debatido, mas ela tem que começar a ser debatida agora. É urgente isso, porque o nosso sistema político é da década de oitenta, e ele vem passando por modificações muito pequenas, então, nós precisamos ter esse debate, para modificar algumas engrenagens do sistema, que não estão funcionando, como o sistema de representação proporcional, que em alguns aspectos falha, então, ao meu ver, o principal debate para os próximos anos é essa questão da reforma política. Criar uma consciência tanto no eleitor, quanto nos políticos que precisa ter isso.

A reforma política é essencial no Brasil, por mais que isso leve alguns anos, por mais que isso demore para ser debatido, mas ela tem que começar a ser debatida agora. É urgente isso.”

ELEIÇÕES 2016 – Professor, observamos uma campanha majoritariamente masculina, apesar de, em todo o país, vermos que as mulheres representam a maioria do eleitorado. Aqui em Bauru, por exemplo 53% dos eleitores são do sexo feminino e apenas uma candidata entre seis pessoas que concorrem às eleições. Como o senhor avalia o papel da mulher no cenário eleitoral bauruense em termos de candidaturas e participação?

Bruno Pasquarelli – Sim, a questão da entrada da mulher na política é essencial. Os partidos deveriam ter cotas para a entrada das mulheres na disputa partidária, para justamente dar conta da demanda da população, da representatividade das mulheres da população. Isso a gente pode ver, por exemplo, não só na política na política municipal, mas em nível federal, ministérios sendo formado sem mulheres. A entrada das mulheres na política ainda é pequena. Isso tem de ser incentivado de alguma forma, você tem de promover de alguma forma, através de algumas políticas, essa entrada. Alguns partidos fazem isso, mas não com tanta força. Em outros países a gente tem essa inclusão de ferramentas que possibilitam maior entrada de mulheres na política tentando equilibrar um pouco o jogo, de 60, 40% que já é um número alto, você ter 40% mulheres em um pleito, por exemplo, o que não ocorre no Brasil. Mas em alguns países isso ocorre e isso tem que ser incentivado pelos próprios partidos.

Os partidos deveriam ter cotas para a entrada das mulheres na disputa partidária, para justamente dar conta da demanda da população, da representatividade das mulheres da população. Isso a gente pode ver, por exemplo, não só na política na política municipal, mas em nível federal, ministérios sendo formado sem mulheres. A entrada das mulheres na política ainda é pequena. Isso tem de ser incentivado de alguma forma, você tem de promover de alguma forma, através de algumas políticas, essa entrada. Alguns partidos fazem isso, mas não com tanta força. Em outros países a gente tem essa inclusão de ferramentas que possibilitam maior entrada de mulheres na política tentando equilibrar um pouco o jogo,

 

ELEIÇÕES 2016 – Falamos no início do programa do descrédito da população com relação aos políticos. Muita gente fala em voto branco e nulo, o que o senhor poderia orientar a população sobre isso?

Bruno Pasquarelli – O eleitor tem que criar a consciência que, por mais que seja um voto, esse voto tem o poder de mudar uma eleição, e então, mudando essa eleição, determinada política pública, pode ou não funcionar porque vai muito de acordo com o tipo de governo que vai estar lá. Então o eleitor tem que criar consciência de votar em alguém, votar num candidato que minimamente se adeque às características do voto que o eleitor procura. O voto branco e nulo faz parte do jogo democrático? Claro, faz, as pessoas podem voltar em branco ou nulo, mas antes de um eleitor votar, de anular seu voto, de votar em branco, observa as características, as principais propostas dos candidatos, faça uma análise crítica dessas propostas, procure ver o que realmente o candidato está tentando realizar ao invés de chegar e falar hoje eu vou anular meu voto porque não tem ninguém que presta. Assim, a gente tem que realmente se informar disso, e não somente através das campanhas publicitárias em si, mas através do debate, através desse contato com os políticos. E antes de tudo, pra você realiza esse exame de qual proposta se adequa melhor a sua ideia de político. E se, por um acaso essa ideia não se adequar, e se você achar que realmente nenhum te interessa, ok, ai sim você vota em branco você vota nulo. Mas acima de tudo, é que a ideia central o eleitor não tenha na cabeça, vou anular meu voto porque ninguém presta. Os políticos, alguns são muito bons e a gente tem que procurar as melhores propostas de acordo com os nossos interesses e de acordo com os interesses da população em geral.

 

O eleitor tem que criar a consciência que, por mais que seja um voto, esse voto tem o poder de mudar uma eleição, e então, mudando essa eleição”

 

 ELEIÇÕES 2016 – Com relação ao incentivo do voto da juventude diante desse cenário, o que é possível fazer para despertar no jovem a consciência política e o interesse pelo voto, enquanto forma de exercício da cidadania?

  Bruno Pasquarelli – Acho que a primeira coisa é promover debates, por exemplo, no interior de escolas seria interessante você trazer os candidatos para debater em algumas escolas específicas, promover a divulgação em redes sociais, que a gente sabe que a juventude usa muito, e tentar, de alguma forma, fazer essa divulgação para entender realmente como é que são as propostas deles, motivando, acima de tudo, esse voto. A gente sabe que o voto é obrigatório a partir dos 18, mas o jovem já pode votar a partir dos 16, é facultativo, então é muito importante que o jovem logo que ele começa a observar a política, ele já ter esse contato do que pode ser bom para ele e bom para a população. Uma forma de você incentivar a população mais jovem a votar numa escola, seja ela pública ou privada, é criar um sistema de votação dentro da escola, colocando os candidatos, mostrando as propostas de cada um e falando para criança votar de acordo com o que ela acha melhor. É interessante. Eu já tive isso quando eu já fui criança, então isso desperta na criança o interesse. Eu lembro quando eu tinha 14 anos e estava tendo a eleição do FHC (Fernando Henrique Cardoso) contra o Lula, em 1998, eu ficava correndo na escola gritando o nome do Lula, enquanto outros gritavam o nome do FHC. Então, isso eu tinha 14 anos e, na escola, todos debatiam isso porque a escola incentivava. Então acima de tudo, é dever da própria escola, novamente, seja ela pública ou privada, criar incentivos para você ter essa divulgação entre a população mais jovem.

Esse fortalecimento da cidadania só vai ser construído se o próprio cidadão tiver consciência da importância do voto dele.”

 

ELEIÇÕES 2016 – Para finalizar, o que o senhor teria a dizer para os eleitores sobre o poder e a responsabilidade do voto?

Bruno Pasquarelli – O voto como eu disse no começo desta entrevista, ele é um dever do cidadão. Considerando que a cidadania envolve direitos civis, direitos sociais e diretos políticos, é nosso dever como cidadão fortalecer a cidadania, fortalecer a democracia e isso, só é feito de certa maneira quando você não somente vota, mas quando você vai atrás das políticas públicas que o político está efetivando, vai atrás e tenta buscar o que realmente está sendo feito na política. Então, a gente tem que considerar que as instituições estão ai, elas funcionam, mas acima de tudo, o eleitor deve ter consciência de que para elas funcionarem bem depende do próprio eleitorado, do próprio cidadão, e  esse fortalecimento da cidadania só vai ser construído se o próprio cidadão tiver consciência da importância do voto dele. Lembrando que o Brasil é uma democracia nova, tem menos de 30 anos, 31 anos e o processo de construção democrática, de conscientização de democracia demora. Não é em dez anos que uma população vai exatamente saber que ela é democrática, isso demora, essa conscientização vai ao longo de 50 anos, 60 anos. Então, acima de tudo, você participando de mecanismos políticos, é que você cria essa conscientização e você fortalece a cidadania.

 

Confira a íntegra da entrevista no podcast:

 

 

Ficha técnica:
Entrevista gravada nos estúdios da Webrádio USC.
Apresentação: Bruna Sampaio, Mayrilaine  Garcia e Luiz Augusto Ramos
Produção: Bruna Sampaio, Mayrilaine, Luiz Augusto Ramos, Leandro Pinto.
Vídeo e Edição de vídeo: Leandro Pinto/Círculo
Trabalhos Técnicos na Webrádio: Alex Costa e Leandro Zacarin
Supervisão: Professores Daniela Bochembuzo e Vinicius Carrasco

Serviço:

A série Eleições 2016 é uma parceria entre Webrádio, Círculo – Jornal Laboratório, Agência G-15 e RP Comunica, da Pró-Reitoria de Extensão e Ação Comunitária  da Universidade do Sagrado Coração. Desde o último domingo foram veiculadas entrevistas com todos os seis candidatos à prefeitura de Bauru, além de reportagens especiais sobre as eleições, com o objetivo de auxiliar o eleitor na hora do voto.