Na foto, pichações e entulho em volta da escola. Foto: Matheus Mariano

Após quase um ano de paralisação os moradores da região ainda não tem um posicionamento oficial do poder público a respeito da retomada e da entrega das obras

Matheus Mariano / Colaboração para o Círculo

A Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) do Conjunto Habitacional Moradas do Buriti, em Bauru, que estava com previsão de entrega para o início de 2017, teve as obras abandonadas pela empresa Jordão & Bergamin Ltda, no mês de  fevereiro, devido a “falta de condições financeiras e operacionais”. A escola agora sofre com o abandono e as depredações. Enquanto isso, a prefeitura ainda não abriu um novo processo licitatório para definir qual empresa dará seguimento as obras.

Apesar da reportagem não ter conseguido a autorização para entrar na escola, não foi preciso muito esforço para encontrar sinais de descuido no local, afinal, é possível ver o mato alto e a sujeira dentro e fora do prédio. Também chamam atenção as pichações em torno de toda a escola e a quantidade de entulho na calçada. Segundo moradores vizinhos que estão no local desde quando as obras foram descontinuadas,  estas condições podem atrair insetos e animais peçonhentos para o lugar, além de servir como foco para o Aedes Aegypti, mosquito que transmite doenças como a dengue e a chikungunya.

Uma pessoa que preferiu não ser identificada, contou que os seguranças revezam 24 horas a vigilância da escola, e que a equipe só começou a atuar há cerca de três meses. Este ano, a fiação, as torneiras e o para-raios da escola já haviam sido furtados. Ainda de acordo com a fonte não identificada, também existem rachaduras nas paredes e no chão do prédio, além das fracas grades de proteção terem sido danificadas.

 

Uma das grades da EMEI presa com pedaço de arame

Uma das grades da EMEI presa com pedaço de arame. Foto: Matheus Mariano

Carla Vanessa de Oliveira, avó de Emanuelly, de 2 anos e mãe de Victor Hugo, de 5, conta que precisa levar as crianças todos os dias para outra escola, a EMEI Dalva Freitas Ferraz Costa, no Jardim Petrópolis. “Ter uma EMEI aqui nos ajudaria bastante por ser mais perto. Muitas mães do bairro tem que trabalhar no horário que eles ficam lá e ter que buscá-los em outro bairro é difícil. Uma escola aqui ficaria mais fácil pra levar e pra eles voltarem”, afirmou. Ela também se mostrou preocupada com os vândalos. “A gente vê isso (casos de depredações em escolas abandonadas) direto na TV, tem gente que invade, destrói, até usa droga dentro de escola. Se isso acontecer complica ainda mais a situação e é o nosso dinheiro que está sendo usado.”

Eliete Santos, uma das professoras que integraria o quadro de funcionários da escola, conta que teve que ser realocada, e para o próximo ano deverá escolher outra escola para trabalhar. “Eu só soube que não trabalharia lá uma semana antes do início das aulas. Fui mandada para o Dalva (EMEI Dalva Freitas Costa Jardim), cada sala foi para uma escola da região. O pior é que todas as salas que foram abertas esse ano foram fechadas para 2018, vou para remoção (escolha de outra sala em outra escola) de novo esse ano”.

O Moradas do Buriti é um conjunto habitacional do programa social ‘Minha Casa Minha Vida’ entregue em 2014 que beneficiou mais de 200 famílias, algumas inclusive do Programa Municipal de Desfavelamento. Próximo a escola também estão sendo realizadas obras de construção de um condomínio de prédios, ou seja, a escola já se provou mais do que necessária e se tornará ainda mais. Caso o atraso seja prolongado, a situação pode ficar preocupante no que diz respeito à educação infantil da região.

A empresa Jordão & Bergamin Ltda não respondeu ao contato da reportagem. A Secretaria de Educação informou que a nova licitação deverá ser aberta no próximo ano e que não é possível falar em datas de entrega da obra no momento.

 

Edição: Amanda Medeiros e Thaís Ferreira – Círculo