Manifestação sublime da arte de rua, o grafite se disseminou como forma de expressão artística urbana, sendo cada vez mais presente no cotidiano das pessoas

Por Juliana Neves e Thayná Fogaça

Edição: Erica Franzon e Giselle Hilário

Arte: Tiago de Moraes

Um dos esboços de João Crepaldi, artista mais conhecido pelo nome de Jota. O grafite deste esboço está localizado próximo à Avenida Cruzeiro do Sul (Foto: Juliana Neves)

Um dos esboços de João Crepaldi, artista mais conhecido pelo nome de Jota. O grafite deste esboço está localizado próximo à Avenida Cruzeiro do Sul (Foto: Thayná Fogaça)

 

O Grafite é uma forma de expressão que está crescendo na cidade de Bauru. Por onde se anda é possível encontrar diversos desenhos em vários muros da cidade. Estes grafites são feitos por sprays de tinta e o objetivo dos grafiteiros é deixar a cidade mais bonita visualmente. E também se encontra as pichações, que são as frases com o intuito de levar a pessoa a reflexões.

Ambos nascem da arte urbana, que é uma forma de expor opiniões sociais em locais públicos movimentados. A intenção desta técnica, o grafite, é propor uma crítica social a pessoas que veem os desenhos. Porém, ainda existe um pensamento de marginalização pela sociedade, dificultando a carreira dos artistas. 

Estas duas técnicas de expressão são diferentes. Segundo a professora de artes Mazé Santos, pichação é uma forma de poluição visual e vandalismo. Mas para o grafiteiro Yuri de Freitas, o grafite e as pichações são iguais, com a mesma intenção, que é fazer a arte chegar ao povo e fazer as pessoas serem mais críticas. Já João Crepaldi, grafiteiro conhecido como “Jota”, acredita que grafite e pichação não possuem diferenças, e sim diferentes estilos na forma  de praticá-las.

 

 

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Reconhecimento e Preconceito

 

“Jota” Crepaldi, grafiteiro de Bauru que possui trabalhos em vários pontos da cidade (Foto: Thayná Fogaça).

“Jota” Crepaldi, grafiteiro de Bauru que possui trabalhos em vários pontos da cidade (Foto: Thayná Fogaça).

 

No cenário mundial, muitos  dos artistas reconhecidos são de Bauru, significando que o grafite já está se concretizado na cidade. “O único latino americano chamado para grafitar a exposição do muro de Berlim é bauruense”, afirma Yuri de Freitas.

No Brasil, Jota Crepaldi possui como seu último grafite, considerado de maior reconhecimento, em Brasília, em novembro de 2014 que sua arte tornou-se um patrimônio tombado. 

 

(Arte: Tiago de Moraes).

(Arte: Tiago de Moraes).

 

Na visão de Crepaldi, Bauru deveria sediar mais eventos de grafite, desenvolvendo mais a cultura na cidade e, consequentemente,  transformando-se  na capital do interior neste quesito.

Tendo o objetivo de ter Bauru como capital do grafite, a cidade está dando início a um projeto de grupo de grafiteiros, para que tenham uma ação juntos, com a intenção de convencerem os vereadores a modificar a lei e transformar a cidade em um polo da arte do Grafite.

Apesar desta concretização artística, em Bauru há uma lei que proíbe a produção de grafites, coisa que  só é permitida com autorização. E mesmo com a lei, os grafiteiros da cidade produzem seus desenhos e ideias com autorização ou não.

Os grafiteiros endossam que, atualmente, a mídia enxerga este tipo de arte de rua como interessante quando ele é oportuno para a alta cultura. Do contrário, é reconhecido como crime. Também pode ser ignorado por ser uma arte urbana de rua e não a arte que está restrita a museus e galerias.

 

 

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O Grafite na grade escolar

 

O grafite é estudado nas escolas públicas com o objetivo de “desenvolver as habilidades de  investigar a arte e as práticas culturais como patrimônio cultural”, afirma Mazé Santos. É importante estudar a arte urbana para desenvolver um olhar crítico e a criatividade do aluno, para realização de projetos poéticos. Entende-se esta arte como cultura e um caminho para se expressar.  Os alunos se identificam com as habilidades do desenvolvimento do grafite por estar presente no cotidiano e na realidade em que eles vivem. 

 

Grafite de Yuri de Freitas, próximo à Universidade Sagrado Coração (Foto: Juliana Neves).

Grafite de Yuri de Freitas, próximo à Universidade Sagrado Coração (Foto: Juliana Neves).

 

Reportagem originalmente desenvolvida para as disciplinas “Redação de Jornalismo Impresso” e “Introdução à Fotografia” do curso de Jornalismo. Universidade do Sagrado Coração. Bauru, 2015.