Nuvens Passageiras - Ilustração - Thiago Mendonça

Texto: Ednan Gomes

Ilustração: Thiago Mendonça

Minhas últimas férias podem ser resumidas em praticamente um único feito: ter assistido Desperate Housewives. Durante um mês inteirinho acompanhei os 180 episódios da série, distribuídos em oito temporadas, que narram a história de quatro amigas e donas de casa, seus dilemas junto aos companheiros, ao mercado de trabalho, a educação dos filhos, entre outros temas cotidianos. Tudo isso, com uma boa dose de drama e comédia pra quem gosta da mistura.

E a trama que tinha tudo para terminar com um happy end, digno de novela das nove, surpreendeu: no final, (sim, vou dar spoiler) cada uma das protagonistas se muda para uma parte diferente dos Estudos Unidos e nunca mais, segundo a narradora, elas conseguem se reunir novamente. Triste, não?

Meio inconformado com esse ponto final, conversei com um amigo sobre o assunto e ele disse: “Elas tinham que seguir em frente, Ednan”. O que no final das contas, e olha que não sou muito bom em matemática, acaba sendo a mais pura verdade.

Você já parou para pensar em quantas pessoas entram e saem de nossas vidas? Pessoas que aparecem do nada e somem com uma rapidez maior que o Papa-léguas, fugindo do Coiote. Pessoas que estão em nossas vidas há um tempão, mas parecem que nunca, de fato, por lá estiveram. Pessoas que estão longe, mas que nunca se esquecem de nós. Há também pessoas que aparecem das formas mais estranhas, mas que com o tempo, ficam de um jeito tão bom, que não dá vontade de deixá-las ir.

Porém, querendo ou não, temos que encarar a realidade: alguns relacionamentos costumam ter prazo de validade. E o que fazer nesses casos? Abrir a porta da frente e deixar que o sujeito saia sem medo algum. Pois nós,igualmente, invadimos vidas alheias e damos um espiadinha como no Big Brother. Às vezes ficamos para um café e depois, partimos rumo a outro destino. É como diz a canção de Hermes Aquino, que inspirou o título desse texto “Eu sou nuvem passageira/Que com o vento se vai”.

Entretanto, é preciso ressaltar que nossa vida não é a Casa da Mãe Joana: temos um grande entra e sai, sim! Mas também temos os hóspedes fixos. Esses em pouca quantidade e muita qualidade: são pessoas que conseguem aguentar nossos dias de mau humor, nossas lágrimas, nossas alegrias, nossas paixões… São pessoas que simplesmente ficam por gostarem de quem somos e como somos. Apenas isso.

Você ainda não aceitou que pessoas vão sair da sua vida? Eu sei que é difícil. Também sou do grupo dos que se apega, mas, com o tempo, aprendi que de nada adianta tentar impedir a ida do outro: em algum momento a separação acontecerá. Com um retorno ou sem.

É o fluxo natural da vida: pessoas precisam seguir em frente.