Em meio a tantas redes sociais, o que ganha destaque é o individualismo relacionado a glorificação das “selfies” e a superficialidade das relações humanas

Texto: Inaiá Mello e Marina Barrios

Edição: Erica Franzon e Giselle Hilário

Arte: Tiago de Moraes

 

O exibicionismo ganha espaço no mundo virtual com as Selfies (Foto: Marina Barrios).

O exibicionismo ganha espaço no mundo virtual com as Selfies (Foto: Marina Barrios).

 

É indiscutível a importância das redes sociais no dia a dia do homem. Os avanços constantes da tecnologia possibilitaram às pessoas uma comunicação instantânea e reduziram as distâncias entre elas. Hoje, com o acesso ao uso da internet tornou-se fácil obter conhecimento de fatos ocorrentes ao redor do mundo, algo que não era possível há algum tempo.

 Contudo, a tecnologia pratica o individualismo, pois ao mesmo tempo em que supre os espaços presenciais, ela isola o ser humano. Hoje, manter uma convivência com o próximo está cada vez mais complicado, diz a psicóloga Sônia Paschoal. Segundo ela, o individualismo se torna cada vez mais frequente no dia a dia dos usuários, gerando problemas para uma sociedade que tende a cair num estado solitário e egoísta.

Sônia Paschoal define as redes sociais como estimuladoras de uma falsa realidade (Foto: Marina Barrios).

Sônia Paschoal define as redes sociais como estimuladoras de uma falsa realidade (Foto: Marina Barrios).

 

O exibicionismo ganha espaço no mundo virtual. Atualmente, o hábito de compartilhar as famosas “selfies” transformou a foto, muitas vezes, em um meio de ostentação. As redes sociais favorecem os usuários a se revelarem de uma forma que não mostra a verdadeira realidade. É possível criar uma identidade que dá predominância apenas as qualidades, sejam elas reais ou inventadas. O uso de aplicativos para esconder imperfeições é quase unânime entre os adeptos das “selfies” e é um dos exemplos de falsa realidade.

Para o estudante do segundo ano de jornalismo Ednan Gomes, as redes sociais ocupam um espaço significativo em sua vida. Além do uso para entretenimento, é com o auxílio dessas redes que ele procura divulgar seu blog, saber o que está acontecendo no mundo, se informar e compartilhar opiniões que ele julga serem interessantes. O estudante revela que, ao acordar, um de seus primeiros hábitos é checar todas as redes sociais para se manter atualizado. Ele justifica essa ação como sendo algo fundamental para a profissão de jornalista e através dessas ferramentas ele vê a facilidade de saber um pouco de tudo.

“Uso boa parte das redes sociais para me manter atualizado sempre”, afirma Ednan Gomes (Foto: Marina Barrios).

“Uso boa parte das redes sociais para me manter atualizado sempre”, afirma Ednan Gomes (Foto: Marina Barrios).

 

Embora tente  interagir nas redes sociais em boa parte de seu tempo, ele ressalta que essas mídias podem favorecer a interação entre as pessoas, o compartilhamento de opiniões e, em contrapartida, despertar nos usuários uma necessidade de estar sempre conectado, gerando uma dependência muito grande. Para Ednan, é preciso entender que essas redes sociais cada vez mais habitadas são apenas uma parcela de nossa vida e é necessário que se saiba viver longe delas.

O Facebook, Twitter, Instagram, entre outras mídias, já estão inseridas ao nosso dia a dia tão regado de tecnologia, e vale ressaltar que não são de todo mal se forem utilizados de forma moderada e coerente. O crucial nessa relação entre indivíduo e redes sociais é não permitir que elas tenham papel principal dentro do cotidiano como um todo, pois o fato de relevância maior é a vida real que acontece fora das telas de alta resolução de celulares e tablets.

 

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O direito nas redes sociais

 

Os usuários de redes sociais não devem esquecer que a vida real acontece fora das telas (Foto: Marina Barrios).

Os usuários de redes sociais não devem esquecer que a vida real acontece fora das telas (Foto: Marina Barrios).

 

O Brasil possui uma legislação que é de extrema importância para o funcionamento da sociedade. O artigo primeiro é um dos mais importantes. Nele encontramos o inciso terceiro, que assegura a dignidade da pessoa humana. Para o advogado Fabio José de Souza, a Constituição Federal, pode sim, ser utilizada nas redes sociais e ressalta que a proteção da imagem é algo que pode ser encontrado na legislação (artigo quinto).

Atualmente, o Marco Civil é a lei responsável por tratar de casos relacionados a internet e  veio para complementar a Constituição, contribuindo para um funcionamento em conjunto. Para o advogado, um dos maiores problemas é a falta de informação por parte dos usuários, que desconhecem a existência de uma proteção e um direito do outro de ser respeitado dentro das redes sociais, que foram criadas justamente para dar respaldo que quem se sentir infringido por publicações feitas nessas redes.

A internet é um território onde a liberdade de expressão precisa ser respeitada, assim como a privacidade e intimidade do próximo. Hoje temos exemplos de jovens que têm suas intimidades violadas devido ao compartilhamento de fotos íntimas, fato que causa um enorme constrangimento para a vítima e para a família.

Na concepção de Fábio, a participação ativa dos pais na hora de vistoriar o que seu filhos estão fazendo é fundamental. É necessário ter conhecimento dos meios que eles utilizam, com quem interagem, o que escrevem e compartilham nas redes sociais. Afinal, até a maioridade quem responde pelos atos dos filhos são os pais e quando há uma fiscalização dentro de casa, por consequência, inibe os fatores que possam causar danos irreparáveis na vida dos jovens e daqueles que convivem com ele.

 

Reportagem originalmente desenvolvida para as disciplinas “Redação de Jornalismo Impresso” e “Introdução à Fotografia” do curso de Jornalismo. Universidade do Sagrado Coração. Bauru, 2015.