SELO 2016

  Texto: Mayrilaine Garcia e Luiz Augusto Ramos

Renato Celso Bonomo Purini nasceu em Bauru no dia 21 de junho de 1975 é casado e não tem formação superior. No cenário político já foi vereador de Bauru vice-prefeito e Presidente da EMDURB.  O candidato aparecerá nas urnas como Renato Purini com o número 15. Sua candidatura é pelo PMDB na coligação avança Bauru com mais seis partidos e sua vice é Darlene Têndolo.

ELEIÇÕES 2016 – Acabamos de ouvir um breve currículo a seu respeito, o que poderia acrescentar a essas informações? 
Renato Purini: Obrigado mais uma vez pelo convite. Tenho um histórico de política na minha família, sou filho de político, além de político, meu pai é professor de português, radialista, mas a história dele principal foi na política. Meu pai foi deputado por cinco mandatos, vereador em Bauru também e depois de que ele encerrou a carreira dele eu vim tentar seguir também os mesmos passos. Me elegi vereador no ano de 2001, foi a primeira eleição com 24 ou 25 anos. Foram três mandatos de vereador, um mandato de vice-prefeito e nesse meio entre o primeiro e segundo mandato de vereador fui presidente da EMDURB, Secretário Econômico, enfim, tenho vivência política grande na cidade, tanto no Legislativo como no Executivo e agora estou tentando a candidatura à prefeito, por conta dessa experiência toda que tivemos nesses anos, são mais de 15 anos de vida pública. Chegou o momento de mudar o ciclo, de tentar algo diferente agora no executivo, usar essa experiência toda, desses anos todos de Legislativo, de atuação no Executivo também à frente da EMDURB e da Secretaria do Desenvolvimento, colocando isso a serviço dos Bauruenses de forma mais direta.

O candidato Renato Purini (PMDB) durante entrevista. Foto: Alexsandro Costa

O candidato Renato Purini (PMDB) durante entrevista. Foto: Alexsandro Costa

 

 ELEIÇÕES 2016 –  Purini, a sua candidatura foi lançada por meio de uma coligação que envolve, além de seu partido, as legendas PDT, Solidariedade, PHS, PSL, PRP e PRTB, caso o senhor seja eleito, como os interesses desses partidos serão contemplados durante a composição do seu governo municipal?

Renato Purini: Minha aliança foi formada justamente por convergência de pessoas. Todos os partidos que você citou, antes de serem partidos são formados por pessoas da minha relação, com afinidades políticas, mas, afinidades pessoais também. O PDT tem vereadores que convivem comigo na Câmara, Solidariedade também, e esses outros partidos menores são pessoas também que a gente tem relações, então essencialmente em um primeiro momento, foram afinidades pessoais, naturalmente que também afinidades políticas, pensamos da mesma forma uma série de assuntos. Agora para formar um novo governo, vamos buscar os melhores onde eles estiverem, naturalmente que em um sistema presidencialista, os partidos que ajudam um candidato à prefeito, um candidato à governador ou um candidato à presidente, ajudam não só na hora boa, é na hora ruim também, assumir responsabilidade, contribuir da melhor forma, assumir erros, assumir acertos, enfim, estes partidos participarão, sim, mas como pessoas, os partidos são feitos de pessoas, eu acredito muito nas pessoas, hoje a política tem que se voltar mais para isso. Acho que as ideologias têm que ser  colocadas, claro que em um local importante, mas acho que as pessoas estão acima disso e nós vamos buscar as melhores onde estiver.

 

ELEIÇÕES 2016 –  Sua candidata a vice é Darlene Tendolo, também do PMDB. O que motivou a decisão em torno dela e o que ela agrega à sua candidatura ?

Renato Purini: A Darlene agrega muito, nós disputamos, inclusive, a indicação à prefeitura e eu acabei saindo vencedor nesse momento dentro de uma prévia interna, e daí em diante começamos a discutir a possibilidade de ter uma chapa pura para a prefeitura de Bauru. Mas não fechamos logo de cara por conta de que nós tínhamos que aumentar nossa relação política, aumentar os partidos conosco e nós optamos naquele momento por não ainda fechar a questão em relação ao vice. Quando tínhamos já uma chapa mais formada, começamos a discutir internamente e houve uma convergência no nome da Darlene por conta da história dela, do trabalho dela. A Darlene nos oito anos do governo do Rodrigo, que está conosco,  que é do meu partido, inclusive, ela foi secretária de assistência social em Bauru, secretária do bem-estar social, e ela tem um trabalho incrível na área social. A Secretaria cuida de mais de quarenta mil famílias em Bauru, são mais de cem mil pessoas pelo qual passa pelos programas sociais da SEBES, além de ela ser servidora pública, então somou muito isso, a sensibilidade, a atuação na área social da Darlene. Eu também tenho uma atuação na área social, mas eu também como secretário do desenvolvimento tive uma área mais desenvolvimentista, então a gente entendeu que seria  importante colocar para as pessoas a oportunidade de escolher uma chapa que tivesse de um lado, alguém que pense em desenvolvimento propriamente dito, junto com uma mulher que vem da assistência social, que tem mais de 25 anos na área da assistência. Acho que juntando essas duas coisas a gente pode atingir aquilo que as pessoas esperam da gente, que é desenvolvimento econômico com justiça social.

 

ELEIÇÕES 2016 –  Purini, o senhor foi vereador por três mandatos, vice-prefeito durante a última gestão de Tuga Angerami, e recentemente esteve ocupando a Secretaria municipal de Desenvolvimento Econômico. Se eleito, a sua gestão será uma continuidade do governo do Rodrigo Agostinho também do PMDB, como citou?

 

Renato Purini: Sim, será uma continuidade, ajustando aquilo que deve ser ajustado. Os primeiros anos do governo, mas especialmente, esses oito anos, aos quais nós fizemos parte, eu fui líder do governo dele por seis anos, foi um governo de resgate de uma série de questões na cidade. A cidade vinha de um momento difícil, de poucos investimentos, momentos econômicos difíceis e, quando Rodrigo assumiu havia uma série de demandas importantes a serem vencidas, especialmente nas áreas sociais, nas áreas em que as pessoas precisam da atuação do poder público. Então para se ter uma ideia, quando nós assumimos eram três mil ruas em Bauru sem asfalto, então só quem mora em uma rua sem asfalto sabe a dificuldade que é. Asfaltamos duas mil e duzentas e tem mais setecentas contratadas para zerar as ruas de terra em Bauru. Tínhamos que descentralizar o atendimento médico, só tínhamos o pronto-socorro central e hoje temos quatro unidades de UPA na cidade, além do pronto socorro central, descentralizando o atendimento. Na área social tem mais de quarenta mil famílias atendidas. Na educação tínhamos dez por cento de escolas de ensino infantil em período integral, e hoje temos mais de oitenta por cento, ou seja, nós vamos seguir tudo aquilo que começamos há oito anos atrás. Só pode fazer uma quinta UPA, quem fez quatro e faremos a quinta. Só pode atingir cem por cento de escola de período integral, quem chegou a oitenta por cento e nós vamos chegar a cem. Nós queremos avançar no ensino fundamental também em período integral, para manter o jovem dentro da escola o dia todo, desenvolvendo uma atividade esportiva, cultural, de lazer, enfim. É uma continuidade, ajustando aquilo que deve ser ajustado, mas, continuando tudo aquilo que deu certo. Só quem fez pode fazer no futuro.

 

ELEIÇÕES 2016 – Candidato, como o senhor já disse, também já ocupou a presidência da EMDURB, que hoje é alvo de muitas críticas da população, em relação ao gerenciamento de trânsito e transporte do lixo. O que o seu plano de governo prevê em relação à empresa?

 Renato Purini: A EMDURB precisa ser capitalizada. Nesse governo nosso, houve investimentos altos na EMDURB, a empresa historicamente não fechava orçamento, todos os anos fechava com déficit. E desde quando nós assumimos, desde quando o Rodrigo assumiu, ela fecha sempre com suas contas equilibradas. Empresa pública não é para dar lucro, mas também não pode dar prejuízo. O que nós queremos para o futuro é investir na EMDURB, investir em novos caminhões de lixo e ao mesmo tempo acertar e resolver o problema  da destinação do lixo. Nosso aterro está encerrado, estamos levando lixo embora para Piratininga, mas nós queremos cuidar do nosso lixo aqui, lixo é riqueza. Precisamos tirar o máximo de riqueza do lixo e talvez a gente avance, talvez não, com certeza vamos avançar em uma parceria com a iniciativa privada para uma usina de lixo em Bauru, para transformar o lixo em riqueza. E essa empresa que vier para operar o lixo no caso, a outorga que ela colocar ao município, que são as contrapartidas, quando você passa algum serviço para uma empresa particular fazer, naturalmente ela retorna algum dinheiro em pagamento à esse serviço que você está cedendo à ela. Esse recurso que nós vamos investir na cidade, onde a gente mais precisa investir. E também na renovação da frota de coleta de lixo. A coleta de lixo continuará sendo feita pela EMDURB. Já no gerenciamento de trânsito, nós precisamos urgentemente contratar um plano municipal de mobilidade pensando em Bauru nos próximos trinta anos. Um assunto extremamente técnico que não pode ser pensado no dia-a-dia, tem que ser pensado para o futuro e é o que queremos fazer, contratar um plano para fazer os investimentos necessários.

 

ELEIÇÕES 2016 – Candidato, sobre a questão ambiental, quais seriam, a seu ver, as próximas etapas para dar continuidade ao plano de ação municipal relativo ao tratamento do esgoto?

 Renato Purini: Na verdade, nós temos uma estação de tratamento sendo construída, com verba Federal, nós temos também um fundo de tratamento de esgoto, de quase cento e cinquenta milhões de reais, nós temos definitivamente essa obra garantida por tudo. O trabalho nosso agora é manter o cronograma para que nós possamos até o final do ano que vem terminar obras de tratamento de esgoto para ter cem por cento  do esgoto tratado em Bauru. Nós já investimos mais de cem milhões de reais em interceptores, então todo o esgoto que era jogado na área urbana do município, nós não temos mais na área urbana, apenas cinco ou seis por cento desse esgosto ainda é jogado na área urbana e até o final do ano que vem então terminar a obra com os recursos que nós temos garantidos para aí efetivamente poder tratar cem por cento do esgoto na cidade, é um grande sonho do bauruense, é uma obra enorme, é a maior obra de saneamento do interior do estado, então naturalmente ela tem as dificuldades que grandes obras têm, uma obra de cento e cinquenta milhões de reais, é natural que tenha dificuldade, percalço, por conta da grandiosidade, mas o trabalho é manter a finalização da obra para o ano que vem e a partir de 2018 termos nosso esgoto cem por cento tratado.

 ELEIÇÕES 2016 – E já que estamos abordando o esgoto que é uma das funções do DAE, pergunto: a seu ver cergos diretivos do DAE devem ser destinados à políticos ou à técnicos?

Renato Purini: Todos técnicos. Nós vamos avançar, não só no DAE, como na EMDURB também, colocar técnicos nos postos de comando tanto na Presidência como Diretorias da mesma forma que na Secretaria de  Educação nós teremos um professor à frente, da mesma forma que na Secretaria de Saúde queremos um médico, alguém que conheça da área mas que obviamente, entenda como é que a máquina pública funciona, é importante entender isso, até porque a iniciativa privada é uma coisa e o Poder Público é outra, mas nós vamos colocar técnicos que tenham essa noção do que é o Serviço Público.

 ELEIÇÕES 2016 – E ainda sobre o DAE, como o senhor pretende fazer com que a autarquia recupere sua capacidade de gerir a questão da água em Bauru e por em prática o “Plano Diretor de Água”?

Renato Purini: Veja, nós precisamos efetivamente colocar um técnico à frente para que haja uma melhora na gestão, o DAE é uma uma empresa, uma autarquia superavitária, todo produto que ela produz, ela vende, que é a água, então ela é extremamente superavitária. Nós precisamos melhorar a gestão para investir no que é preciso investir, nos últimos anos muito foi investido em maquinário, foram mais de quinze milhões em maquinário, foram perfurados dez poços, enfim, hoje nós não temos por exemplo mais problemas de falta de água em Bauru, só que ao mesmo tempo com aumento de oferta de água na rede, uma rede velha começa a apresentar muito mais vazamentos também e dentro do “Plano Diretor” há um capítulo específico que são as válvulas de controle de pressão. Primeira coisa que nós temos que investir é nisso: controlar a pressão da rede para que os vazamentos diminuam, temos quarenta e cinco por cento da água produziada em Bauru hoje que é perdida nos vazamentos, só com essas válvulas a gente diminui isso pela metade. Então é, primeiro reduzir o vazamento para poder depois avançar na reforma e na troca dessa tubulação mais antiga, especialmente área central, Bela Vista, Falcão que são as regiões mais antigas de Bauru. No momento em que a gente conseguir reduzir isto, é muito melhor para o meio ambiente e custa muito menos você fazer isso do que eventualmente furar mais poços, captar mais água do Batalha. Essa é a grande meta, poder reduzir os vazamentos através de investimento e fazer o DAE ser superavitário efetivamente, vender aquilo que ele produz e vender de forma correta.

 ELEIÇÕES 2016 –  Purini, a COHAB é comandada pelo PMDB, seu partido. Caso eleito, o senhor manterá Edson Bastos Gasparini Júnior à frente da companhia?

Renato Purini:  Manterei. Por conta de que hoje o Gasparini é o homem preparado, o homem certo para estar à frente da COHAB, que avançou muito nos últimos oito anos: nas discussões mutuárias junto ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço a COHAB consegue pagar seus retornos porque tudo que foi investido na COHAB é dinheiro do Fundo de Garantia e o dinheiro tem que retornar. A gestão dos anos 80 e 90 da COHAB foram horríveis, toda dívida que a COHAB tem hoje foi feita nos anos 80 e 90 e o bauruense está pagando essa conta hoje, mas no momento em que ele entrou, todas as contas da COHAB foram aprovadas, por conta da retidão da administração da COHAB. Ele avançou muito em acordos para que a gente possa parcelar as dívidas passadas da COHAB, não há como fugir disto, nós vamos ter que pagar, porque o dinheiro do Fundo de Garantia, o dinheiro do trabalhador é sagrado, se as outras administrações pecaram em não cobrar, infelizmente nós temos que cobrar e nós vamos ter que pagar. O Gasparini é o cara que avançou até agora nessas negociações, nessas discussões e para o futuro tenho absoluta certeza de que vai poder sanear de vez a COHAB até que a gente zere aquilo que a gente tem para receber, aquilo que a gente tem a pagar, zerando a gente avança para eventualmente fechar a COHAB, mas nesse momento é importante que ele participe disso para que o buraco não fique maior.

 ELEIÇÕES 2016 – Candidato, ainda sobre a COHAB, como o senhor pretende melhorar a atuação da companhia no município?

Renato Purini: Veja, hoje a COHAB tem uma função específica, que é a administrar os contratos que ela já tem, a COHAB não constrói mais, não é o momento dela construir, ela não tem ainda saúde financeira para isso e nem sei se terá no futuro. Hoje a obrigação da COHAB é cobrar aquilo que deve cobrar de forma correta, é muito ruim, muito difícil e eu vejo o Gasparini, as vezes converso com ele, é muito difícil tirar casa de alguém, mas ele tem obrigação legal além da obrigação pessoal, se a pessoa não paga, ele obrigatoriamente tem que retirar essa casa de quem não paga e dar para quem possa pagar. Infelizmente é assim, a COHAB não fez isso no passado, há pessoas que me procuram, sou vereador ainda, com duzentas parcelas em atraso, a pessoa entrou lá há 20 anos e nunca pagou nenhuma parcela e quer que a gente resolva porque foi feito política no passado com a COHAB, prefeitura dava casa para o cara e não cobrava dele, largava a pessoa lá e a pessoa politicamente ficava apoiando ele o resto da vida. Mas a conta um dia chega, os 20 anos passaram e a conta está para a gente pagar, então precisa administrar esses contratos para continuar fazendo os retornos para o  Fundo de Garantia para que essa dívida não recaia sobre os cofres da Prefeitura, em recair sobre os cofres da Prefeitura o estrago vai ser muito grande.

 ELEIÇÕES 2016 –  Em relação à questão ambiental, vimos que consta em seu governo a implantação de um novo distrito industrial  o “Eco Distrito”. O que o senhor poderia nos dizer sobre essa proposta?

Renato Purini: O “Eco Distrito” na verdade é uma ideia que nós tivemos ainda na Secretaria de Desenvolvimento quando a gente pesquisava evocações para o município e em um estudo que nós fizemos, nós encontramos, junto à Universidade Federal do Rio de Janeiro, que é uma sumidade nas questões ambientais do país os as áreas que mais vão se desenvolver nos próximos trinta anos e essas áreas são de tecnologia ambiental, nós temos uma área de mais de dois milhões de metros junto ao aterro sanitário hoje, que é uma área que pode ser ocupada por distrito e aí nós tivemos a ideia de criar um distrito voltado às tecnologias ambientais: reciclagem, tecnologia e biotecnologia, energias alternativas, assim a gente tem uma demanda na Secretaria de Desenvolvimento, que é entre outras coisas responsável pelas concessões de áreas da Indústria, nós tínhamos uma demanda enorme de empresas voltadas ao meio ambiente e não tínhamos área para isso, então tomamos a decisão de fazer um eco distrito junto dele vamos ter um Parque Tecnológico Ambiental também,  que é o modelo do Governo do Estado para desenvolver tecnologia junto com as Universidades, nós temos quarenta mil universitários em Bauru, nós precisamos criar condições para os universitário ficarem aqui, desenvolver conhecimento e com esse Parque Tecnológico que é o Estado que investe, nós temos condição de desenvolver esse “Eco Distrito” também e com uma obsessão que vai ser uma obsessão  do nosso Governo: gerar emprego e renda para as pessoas de  Bauru e oportunidade para vocês que se formam continuarem aqui. É um grande projeto, de médio a longo prazo que nós vamos precisar de parcerias também de iniciativa privada, mas eu tenho absoluta certeza de que será uma vocação do futuro para a cidade, não tenho dúvida disso.

 ELEIÇÕES 2016 – Purini, a questão do emprego preocupa muitos jovens universitários, uma vez que há um grande contingente deles que concilia estudos e trabalho. Como gerar vagas de trabalho à esse público, a fim de que ele ao final da graduação não precise migrar para outro município em busca de emprego?

 Renato Purini: Nós temos que criar condição para o universitário continuar trabalhando aqui: é através de um parque tecnológico, é através da nossa incubadora tecnológica, que nós estamos instalando já, na estação ferroviária, vai se chamar “Estação Digital” onde também nós vamos levar as universidades para dentro, para desenvolver tecnologia, enfim, é criar oportunidades de bom trabalho, de bom emprego, para esses jovens que hoje estão na universidade não tenha que ir embora de Bauru. Nós temos um universo muito grande de universitários, são vinte e três universidades em Bauru,  é um capital humano e intelectual muito importante para a cidade e nós precisamos  criar condições para que vocês efetivamente possam continuar em Bauru.

ELEIÇÕES 2016 –  O senhor também tem dito em sua campanha que não há o desenvolvimento e justiça social sem a geração de empregos. Diante de um cenário de retratação econômica, o que cabe ao poder público municipal fazer para que mais empregos sejam gerados aqui em Bauru?

Renato Purini: Veja, nós temos dois momentos: temos um momento de administração de forma direta que é melhorar o ambiente de negócio, desburocratizar os processos, em Bauru hoje é muito complicado abrir uma empresa, demora muito, a concessão diária nós reduzimos muito o tempo, mas ainda demora, nós precisamos ter uma legislação mais clara para que as empresas se instalem aqui. Quando o empresário vem, ele quer velocidade e quer o mínimo de risco possível, então nós temos que dar velocidade para o empresário poder abrir seu negócio e reduzir o risco dele, como: colocando regras claras na Lei, prazos específicos na Lei, para que saiba efetivamente o que ele vai fazer e em que prazo vai fazer, esse é o primeiro ponto, do ponto de vista do município. Ao mesmo tempo a gente tem que incentivar as Parcerias com a iniciativa privada para gerar emprego e renda, especialmente nos investimentos das PPP que eu disse: iluminação, no lixo, enfim, e ao mesmo tempo essa obsessão nossa de criar o “Eco Distrito” que não tenho dúvida que no futuro vai ser grande vocação de Bauru. Ali nós vamos gerar muito emprego, muita renda para as pessoas de Bauru. 

 

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ELEIÇÕES 2016 – Purini, desenvolvimento caminha junto com ciência e tecnologia. Como o senhor irá ampliar e fortalecer as instituições de pesquisa e desenvolvimento tecnológico localizadas em Bauru?

 Renato Purini – São as parcerias com as universidades. Isso é ponto central no nosso programa. Nós já estamos fazendo essa incubadora tecnológica no segundo andar da estação ferroviária do centro e ali nós vamos ter parcerias com as universidades para desenvolver tecnologia. É o primeiro passo para você ter um parque tecnológico. Dentro do programa de parques tecnológicos do Estado, a primeira coisa que você tem que ter é uma incubadora tecnológica. A partir do momento que a gente tiver a incubadora tecnológica, desenvolvendo o conhecimento, nós podemos fazer o parque tecnológico. Nós precisamos de uma área de no mínimo 200 mil metros quadrados, mas o estado vem e constrói o parque. A gente tem que ter um parque robusto naturalmente, e é nesse parque que nós vamos desenvolver as tecnologias junto com as universidades, para dar oportunidade para os jovens, mas especialmente também para criar condição de investimento na cidade, gerar emprego e renda no futuro. É através disso que nós vamos fazer. Está muito claro no nosso plano isso.  Nós já iniciamos a incubadora justamente pensando nesse futuro próximo de ter o nosso parque tecnológico desenvolvendo tecnologia voltada às áreas ambientais que são as áreas que mais crescem hoje, não é só no Brasil, mas no mundo.

  ELEIÇÕES 2016 – As propostas são mas num cenário de retração econômica, como equacionar tudo isso?

 Renato Purini – Veja, é ai que entram as parcerias. Você tem algumas ações políticas a serem feitas que é buscar o governo do estado, buscar o governo federal para trazer verbas para o município, isso é central, mas naturalmente que o modelo que nós temos hoje, esse modelo de subsídio do estado está se exaurindo. É um modelo que era uma ilusão, as pessoas estão endividadas, os municípios, os estados estão endividados, a opção é partir para um novo modelo? Qual é o novo modelo? Gerar receitas através de parcerias com a iniciativa privada e ter criatividade coragem para fazer. Então temos algumas ações, eu quero citar algumas aqui, por exemplo, quando eu falo das PPPs, das parcerias público-privadas. Por exemplo, na área do lixo e na área da iluminação pública. Quando você faz esse contrato você ganha duas vezes. Quando você faz um contrato com alguém, ela vai resolver o problema, porque primeiro que eu não tenho como destinar o lixo, ela vai criar oportunidade para tratar o seu lixo, ao mesmo tempo, na questão da iluminação, ela vem e troca todo o seu parque de iluminação, então resolve o problema. Ao mesmo tempo você tem a outorga que é a contrapartida das empresas em dinheiro, por conta do contrato que você está dando a ela. Se você está dando um contrato de 20-25 anos, ele tem um valor de milhões e você tem uma contrapartida estipulada em contrato, 2%, 3%, enfim. Esse dinheiro é para ser usado no município, sejam em áreas afeitas, como lixo, por exemplo, mas também nas áreas que o município tem mais obrigação de investir: educação, saúde, assistência social, infraestrutura, esse é um ponto. Outro ponto que é possível, além desses dois. A gente tem que rediscutir a dívida ativa. Nós temos R$ 400 milhões em dívidas a serem cobradas. O município cobra muito mal, não sabe cobrar. Desses R$ 400 milhões talvez tenhamos aí de R$ 220 milhões a R$ 250 milhões de títulos saudáveis, títulos que são recebíveis digamos assim. Hoje existem formas de fazer com que, com autorização da Câmara, com diálogo com a Câmara e com a sociedade, você possa negociar, esses títulos no mercado, esses títulos de dívida e vender esses títulos com deságio, por exemplo, então você tem R$ 200 milhões de reais em dívidas, em títulos saudáveis. Você pode negociar no mercado com deságio de 50%. Então você dá R$ 200 milhões para o mercado em recebível e o mercado me dá à vista R$ 100 (milhões). Com esses R$ 100 milhões a gente pode avançar em muita coisa e o mercado tem que cobrar os R$ 200 (milhões). Isso é plenamente possível, já há cidades fazendo, há uma regulamentação federal sobre isso, naturalmente que tem uma discussão que tem que ser feita com a Câmara, com a sociedade como um todo, mas só nessas três ações que eu falei, dá para gente fazer muita coisa, basta criatividade, coragem e conhecimento também para fazer.

ELEIÇÕES 2016: Diante da limitação orçamentária, como equacionar várias demandas sociais e de infraestrutura, como a ampliação das vagas em unidades de ensino infantil, em creches, e a melhoria do sistema viário que tem muitos gargalos na cidade?

 

Renato Purini: As creches, quando nós assumimos há oito atrás, nós tínhamos uma demanda reprimida de pelo menos três mil vagas e hoje são mil, nós reduzimos em duas mil vagas a necessidade, mas ainda temos que avançar mais, nós temos duas escolas sendo entregues este ano e mais três no ano que vem. Com essas atitudes e com incremento do orçamento das creches conveniadas do município eu não tenho dúvidas de que a gente em doze a dezoito meses zera a demanda de vagas em creches no município. E é interessante dizer quando nós assumimos eram dez por cento em período integral, hoje são oitenta por cento. Estas vagas são dobradas na verdade porque quando você não tem período integral, você tem uma turma de manhã e uma turma à tarde, então você tem cem vagas, são duzentas por dia, hoje nós temos cem vagas do período integral, então são cem vagas por dia, então na verdade representa o dobro. Mas nós vamos avançar para entregar estas outras escolas e zerar a demanda no ensino infantil. Já no sistema viário, nós precisamos avançar na melhoria da receita e nas buscas de recursos fora de Bauru também para poder investir, investimento em sistema viário é muito caro, temos que fazer pelo menos mais três avenidas em Bauru e isso custa dinheiro, nós vamos ter que investir nas parcerias e buscar dinheiro também no governo federal e no governo estadual, não adianta dizer que fará com o dinheiro do caixa que tem hoje, porque não faz, quem disser que vai fazer está equivocado, não sabe está dizendo.

 

ELEIÇÕES 2016: Em relação à mobilidade, o seu plano de governo prevê viabilizar a implantação de microestações de Ônibus nos bairros, agilizando e integrando o transporte coletivo na cidade. Como isso seria feito?

 

Renato Purini: Na verdade isso vai dar mais rapidez no transporte das pessoas e dar mais conforto. Especialmente na área central, nós temos um projeto que, inclusive, foi enviado à Brasília, ao ministério que libera a verba para mobilidade urbana, onde a gente reforma e reconstrói a Rodrigues Alves e resolve todo problema do pavimento, que está muito ruim, e tira aquele canteiro central e transforma o meio da Rodrigues Alves em um terminal a céu aberto onde as pessoas podem embarcar e desembarcar pelo meio da Rodrigues, como é mais ou menos em Curitiba, o embarque é feito no nível do ônibus. A gente transformaria o centro da cidade em um grande terminal onde as pessoas poderiam fazer integração entre bairro-centro-bairro de forma mais rápida, mais segura e com o passe integração, de forma que ele possa usar o mesmo passe para poder integrar, sair da casa dele para o centro, de centro para o bairro com apenas um passe e nos bairros esses micro terminais para dar mais conforto para que as pessoas estejam mais próximas da sua casa e tenha um maior numero de linhas que elas tenham acesso, porque hoje, as vezes há dificuldade do remanejamento de linhas por conta da dificuldade de ônibus, as pessoas têm que andar demais para poder pegar um ônibus e a gente quer melhorar o conforto para que elas possam estar mais perto de casa.

 

ELEIÇÕES 2016: Candidato, em relação ao lazer, como Bauru poderia utilizar de forma mais adequada às áreas de que dispõe para implantação de equipamentos de lazer? Perguntamos isso porque o município é muito carente em áreas de lazer se comparado às outras cidades de porte semelhante como Piracicaba, por exemplo.

 

Renato Purini: Veja nós não temos o Rio Piracicaba, então é um pouco mais difícil Bauru avançar nisso, nós investimos muito nos últimos anos especialmente nas praças com vários equipamentos: academia ao ar livre, academias para os idosos, enfim, avançamos bastante, mas nós precisamos melhorar as praças de Bauru, ao mesmo tempo nós precisamos levar lazer para os bairros. Nós temos um negócio muito legal que chama “Caminhão Palco”, então o “Caminhão Palco” todo final de semana vai para os bairros levar entretenimento e lazer para as pessoas, especialmente para os jovens, mas nós só temos um, então de você for lá hoje e falar, “Eu quero em um final de semana o ‘Caminhão Palco’ no meu bairro” vai demorar três meses, porque tem uma fila enorme de pessoas querendo. Precisamos investir em mais “Caminhões Palco”, nós queremos criar o “Expresso Lazer” que é o modelo de algumas cidades que nós pesquisamos e aquilo que é bom a gente tem que trazer para cá. O “Expresso Lazer” é um caminhão que dentro tem um monte de equipamentos de lazer: atividades circenses, atividade cultural, teatro, o cinema no bairro, então a cada fim de semana o “Expresso Lazer” vai à um bairro e lá descarrega aquilo, fica o dia todo oferecendo lazer às pessoas, para os jovens, e a noite oferece cinema. É muito legal, eu já fui conhecer. Então a gente precisa avançar nisso, essencialmente descentralizar o lazer, levar o lazer mais perto especialmente dos jovens, para que eles tenham o que fazer especialmente nos finais semana, não tem que vir para o centro ou ficar andando pela rua. Enfim levar para mais perto das pessoas qualquer atividade de lazer.

 

ELEIÇÕES 2016: Para finalizar, como equacionar as questões da demanda da saúde do município e o fato de Bauru receber pacientes de outras cidades da região?

 

Renato Purini: Talvez o maior desafio do município seja a saúde, tudo na saúde é muito caro, nós investimos hoje vinte e sete por cento do orçamento de Bauru na saúde, mais de duzentos milhões de reais. Precisamos investir em mais uma UPA, temos quatro, mas há necessidade de mais uma na região do Nova Esperança/Jaraguá que é muito grande, muito densa e ali foram construídos muitos “Minha Casa, Minha Vida” e aumentou muito o número de pessoas. Precisamos contratar mais médicos, contratamos muitos especialmente depois da fundação de saúde que fizemos, contratamos mais de cem médicos no último ano, mas ainda é necessário de mais médicos para poder estruturar as UPAs, Pronto Socorros, pediatras, especialmente, é muito difícil contratar pediatras porque são poucos os médicos que optam pela pediatria, e esses que optam estão na rede privada e preferem ficar na rede privada. Então é difícil, a gente precisa melhorar de alguma forma de contratação através da Fundação para ter mais pediatras.  Nós queremos criar o “Saúde Integrada da Mulher” que é um sistema de saúde específico para a mulher, para os exames específicos da mulher: ginecologia, obstetrícia, mamografia, papanicolau, enfim, é um sistema integrado para atender a mulher, e aí um outro grande desafio é isso que você disse: muita gente de fora é atendida em Bauru, especialmente nas internações. Então nós temos três hospitais em Bauru: o Estadual, o de Base e o Manoel de Abreu. O Estado fechou o Manoel de Abreu, para reforma, mas nem um projeto de reforma eles têm, foi para economizar, infelizmente. Então todo sistema hospitalar em Bauru é gerido pelo estado, não pelo município, é o Estado quem faz isso. Então se você for no (Hospital) Estadual ou no (Hospital de) Base, tem mais pessoas de fora de Bauru do que de Bauru lá dentro, qual a nossa proposta? É assumir junto ao Estado, o Manoel de Abreu que está fechado. São 40 leitos hoje que nós não temos mais, que talvez seja demanda que nós temos hoje, 45-50 pessoas precisando de internação. A gente assumia esse hospital, o estado repassar a verba, continuar repassando e o município completar essa verba para tratar do bauruense. Ai criar um hospital municipal, nesse hospital só cuidar do bauruense, que vai ter lá uma carteirinha ou cartão cidadão e ele vai ser atendido ali vai ser internado ele vai ter um atendimento específico para ele.  O dinheiro que vai ser usado ali, vai ser dinheiro do município e do Estado, mas apenas para o baurense, naturalmente que o Estadual e o Base continuam atendendo Bauru região, mas esse seria só Bauru.

Arte: Laís Zorzette

Arte: Laís Zorzette

Serviço:
Confira o podcast com a íntegra da entrevista

Ficha técnica:

Entrevista gravada nos estúdios da Webrádio USC.
Apresentação: Bruna Sampaio, Mayrilaine Garcia e Luiz Augusto Ramos
Produção: Bruna Sampaio, Mayrilaine, Luiz Augusto Ramos, Leandro Pinto.
Trabalhos Técnicos na Webrádio: Alex Costa e Leandro Zacarin
Supervisão: Professores Daniela Bochembuzo e Vinicius Carrasco