Indicação dessa semana relaciona os impactos do descarte inadequado e excessivo de lixo na sociedade brasileira. Foto: Reprodução/Divulgação

 

Amanda Medeiros/Círculo

O conceito de ‘sustentabilidade’, segundo Jeniffer Fogaça em seu artigo no site Brasil Escola, foi utilizado pela primeira vez por Gro Harlem Brundtland, ex-primeira-ministra da Noruega. Ela publicou um livro, o Our Common Future, em que escreveu que o “desenvolvimento sustentável significa suprir as necessidades do presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprirem as próprias necessidades”.

O que a sustentabilidade sugere e seus afluentes estão presentes nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável instaurados pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2015, com previsão de implementação de todas as premissas até 2030.  Entre os 17 objetivos, é possível identificar a sustentabilidade em 11 itens, que abrangem a economia, educação, sociedade, meio ambiente, energia, saneamento e padrões de produção e consumo.

Foto: Reprodução/ Divulgação

 

Mas se engana quem acredita que a criação de projetos que visam desenvolvimento sustentável da sociedade é um conceito novo. Em 2000 a ONU estipulou 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e entre eles, a garantia de melhoria da qualidade de vida, respeito ao meio ambiente e o estabelecimento de parcerias que propõem o desenvolvimento, estão elencados como prioridade das 191 nações que assinaram o acordo, inclusive o Brasil. O prazo de alcance deste projeto foi o ano de 2015, e, segundo especialistas, os itens que envolvem a igualdade de gênero e o saneamento básico, não foram atingidos pelo país.

Foto: Reprodução/Divulgação

Ao longo da história mundial o homem se considera superior à natureza e a utiliza como instrumento para alavancar seu desenvolvimento econômico, ignorando o fato de que esses recursos são finitos. Além disso, esse modus operandi produz e fortalece progressivamente a ‘sociedade do consumo’, que se sustenta na acumulação de riquezas e na satisfação de vontades superficiais e fúteis. As consequências do uso inadequado dos recursos naturais são drásticas, pois envolvem não só a degradação da natureza, mas também o aumento do abismo entre parcelas da sociedade, uma vez que o capital é o centro das atenções.

É nessa perspectiva que a sustentabilidade em todos os âmbitos da vida deve ser inserida. Com o apoio dos três setores estipulados pela nova ordem mundial, agir com consciência é uma tarefa essencial se a sociedade cogita a existência de um futuro suportável. 

 

Ilha das Flores (1989)

Cartaz do curta-metragem ‘Ilha das Flores’. Foto: Reprodução/Divulgação

 

‘Ilha das Flores’ é um documentário brasileiro escrito e dirigido pelo cineasta Jorge Furtado, com a produção da Casa de Cinema de Porto Alegre. No decorrer de seus 13 minutos, o curta-metragem explicita e exemplifica as diferenças entre os seres humanos e os animais, além de retratar o modo que a economia age no homem e promove relações desiguais na vida em sociedade.

Para se ter ideia da relevância do documentário, a produção entrou na lista da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, ocupando a 13ª colocação. 

Com uma linguagem informal e didática, o narrador do curta perpassa por diversos conceitos e situações enquanto acompanha a trajetória de um tomate, desde sua plantação até ser jogado fora, atingindo o ponto-chave do documentário: o lixo, seu descarte inadequado e seus impactos sobre a população que mora na Ilha das Flores.

A produção audiovisual consegue exibir de forma tão simples quanto brilhante o processo de formação de riqueza de poucos e de miséria para muitos. Ademais, o curta possui a capacidade de gerar debates sobre exclusão social, consumismo e desigualdade econômica. Confira alguns trechos:


O documentário, lançado em 1989, foi premiado nacional e mundialmente, acompanhe:

9 prêmios no 17º Festival de Gramado (1989), incluindo o de ‘melhor filme de curta-metragem’

Prêmio Urso de Prata para curta-metragem no 40º Festival de Berlim (1990)

Prêmio Air France como melhor curta brasileiro do ano (1990)

Prêmio Margarida de Prata concedido pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como melhor curta brasileiro do ano (1990)

Exibido na mostra “Os 10 Melhores curtas brasileiros da década de 80”, no Cineclube Estação Botafogo, Rio de Janeiro (1990)

Prêmio Especial do Júri e Melhor Filme do Júri Popular no 3° Festival de Clermont-Ferrand na França (1991)

“Blue Ribbon Award” no American Film and Video Festival em New York (1991)

Melhor Filme no 7º No-Budget Kurzfilmfestival na Alemanha (1991)

 

O roteiro completo do curta-metragem está disponível no site da Casa de Cinema de Porto Alegre. O documentário faz uma ácida crítica ao sistema capitalista e convida o público a realizar discussões a respeito de questões que cerceiam a vida em sociedade. Vale a pena assistir! 😉