Cena do filme ‘As Sufragistas’. Foto: Reprodução/Divulgação

 

Amanda Medeiros/Círculo

Em setembro de 2015, a Cúpula das Nações Unidas adotou um projeto mundial que visa cumprir 17 objetivos e 169 metas até 2030, o chamado ‘Objetivo de Desenvolvimento Sustentável’ (ODS). São diversos os alvos dessa campanha, entre eles, a erradicação da pobreza, promoção do bem-estar social, a garantia de educação inclusiva de qualidade e a redução da desigualdade entre os países. O objetivo de número 5, no entanto, é o único que se restringe à um gênero: “Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas”. Além disso, seus subitens são muito claros no que diz respeito à eliminação de todas as formas de discriminação, violência e a asseguração de oportunidades de participação nos âmbitos econômico, social e político. 

A discussão sobre o que é igualdade de gênero e sua existência não é de hoje. Segundo estudo científico feito pela University College London publicado na revista Nature, o homem pré-histórico não era tão primitivo como mostra os livros do ensino fundamental. Os pesquisadores constataram que homens e mulheres tinham a mesma influência sobre as decisões dos grupos, e que a desigualdade surgiu apenas com o advento da agricultura, que provocou a acumulação de recursos. 

Basicamente, a igualdade de gênero consiste na defesa da uniformização dos direitos de homens e mulheres sem negligenciar as características de cada gênero, de forma a eliminar inúmeros preconceitos que estão enraizados na sociedade. Ademais, a padronização de oportunidades que perpassam todos os setores que o ser humano vivencia, é uma das premissas básicas que a igualdade de gênero propõe. 

 

NA ATUALIDADE  

No dia 7 de março deste ano, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um estudo sobre estatísticas de gênero que confirma que as mulheres ainda auferem um salário inferior ao de um homem. “Em relação aos rendimentos médios do trabalho, as mulheres seguem recebendo, em média, cerca de ¾ do que os homens recebem. Em 2016, enquanto o rendimento médio mensal dos homens era de R$2.306, o das mulheres era de R$1.764. Considerando-se a rendimento médio por hora trabalhada, ainda assim, as mulheres recebem menos do que os homens (86,7%)”.

A mesma pesquisa também identificou que o número de mulheres que ocupam cargos políticos no Brasil é o mais baixo se comparado ao restante da América do Sul (10,5% x 23,6%). “Apesar da existência de cota mínima (30%) de candidaturas de cada sexo em eleições proporcionais estabelecida pela Lei 12.034, em 2017, as mulheres eram apenas 10,5% dos deputados federais em exercício”. Para se ter uma ideia, isso equivale à 54 mulheres em meio à 513 deputados.

É evidente a necessidade do confronto constante por direitos igualitários, como por exemplo, o voto. Essa ferramenta, que só foi legitimada às mulheres no Brasil em 1932 no governo Vargas, travou um longo impasse em diversas regiões do globo, uma vez que esse e outros direitos não eram assegurados à população feminina. Entender a gravidade da situação não é nada difícil: na Arábia Saudita, o direito de voto foi concedido às mulheres, ainda com algumas restrições, apenas em 2015. 

O conflito, que tem como protagonistas mulheres de todas as classes sociais e econômicas, atravessa séculos e perdura até a atualidade. Sua repercussão e pertinência são incontestáveis, visto o aumento progressivo do número de autores, pesquisas e produções hollywoddianas sobre o tema.

Confira abaixo a indicação do Círculo para essa semana, que trata justamente sobre a igualdade de gênero e a luta pelo voto feminino!  

 

As Sufragistas (2015)

Cartaz do filme ‘As Sufragistas’. Foto: Reprodução/Divulgação

Baseado em fatos reais, o filme conta a história de um grupo militante feminino que, no início do século XX no Reino Unido, se uniu para reivindicar a igualdade de direitos, incluindo o voto. Suas manifestações consistiam em coordenar atos de insubordinação, quebrando vidraças e explodindo caixas de correio para chamar atenção dos políticos à causa.

O enredo tem como protagonistas três grandes mulheres: Maud Watts (Carey Mulligan), Edith Ellyn (Helena Bonham) e Emmeline Pankhurst (Meryl Streep), lavadeira, ex-professora e líder do movimento pelo sufrágio feminino, respectivamente. Elas tornam evidente a necessidade de direitos igualitários e a invisibilidade da mulher na sociedade inglesa machista no ano de 1912. O roteiro do filme, que foi escrito por Abi Morgan e dirigido por Sarah Gravon, ainda explora questões como agressões policiais, condições desumanas de trabalho e resistência à opressão.

A palavra ‘sufragista’ faz alusão à pessoa que defende a extensão dos votos a todos, sem distinção de raça, sexo e poder econômico.

A trama também comenta pontos muito importantes, como a dependência das mulheres no âmbito socioeconômico e aborda o sacrifício individual para tornar as manifestações efetivas, uma vez que o apoio à causa circulava apenas entre o grupo de sufragistas.

Assista o trailer:

 

O filme na íntegra está disponível na plataforma de streaming Netflix e no Youtube. Vale a pena assistir e refletir sobre a igualdade de gênero 🙂