SELO 2016

Amanda Sampaio/Círculo

Dentre os principais desafios da futura administração em relação à acessibilidade estão a adaptação de prédios públicos, as estruturas das calçadas, a falta de rampas acessíveis e a fiscalização de construções. Irregularidades em vários locais dificultam a circulação de pessoas com deficiência em Bauru.

Circulação no dia a dia

Calçadas estreitas, esburacadas, sem espaço para a passagem de cadeira de rodas e que possuem rampas com largura desproporcional e sem piso tátil, é algo natural de se encontrar na cidade. Para Ariani Queiroz de Sá, cadeirante, falta acessibilidade em diversos aspectos das cidade “na questão das rampas de acesso em vários prédios públicos, calçadas ruins e sem condições de transitar com a cadeira de rodas e também nas lojas comerciais”, disse.

De acordo com o presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (COMUDE), Washington de Paula Rodrigues, as rampas acessíveis são encontradas em totalidade apenas em parte do centro da cidade “em um quadrilátero que pega a R. Bandeirantes até a R. Ezequiel Ramos, da Av. Nações Unidas até a R. Azarias Leite”, destaca.

O presidente do COMUDE, Washington de Paula Rodrigues, destaca a necessidade de Bauru avançar com relação à acessibilidade . Foto: Felipe Matheus

O presidente do COMUDE, Washington de Paula Rodrigues, destaca a necessidade de Bauru avançar com relação à acessibilidade . Foto: Felipe Matheus/Círculo

O presidente também questiona a relação de rampas construídas fora do padrão e a falta de fiscalização. Quando o proprietário de algum imóvel resolve fazer uma rampa e não segue os padrões “em muitos lugares que está sendo vão ter que refazer. É um trabalho dobrado, teria que existir uma fiscalização”, acrescenta. Nos pontos comerciais como, por exemplo, o Calçadão da Rua Batista de Carvalho, que é um local de bastante circulação de pessoas, atualmente existe receio dos proprietários para adaptar a estrutura do imóvel para receber clientes com deficiência física.
De acordo com Washington, a rampa móvel seria uma boa solução para esse problema, mas por não considerarem essa opção, eles estão perdendo a oportunidade de lucrar “se considerar que 45.000 pessoas na cidade são deficientes, é muita gente pra deixar de vender”, lembra. Em relação à sinalização de trânsito, a situação dos semáforos é preocupante, sinais sonoros são importantes para alertar o momento certo da travessia, garantindo a segurança e melhorando a locomoção de deficientes visuais.
Estrutura dos prédios
Algo que gera muitas discussões é a adaptação dos prédios privados e públicos destinados ao uso coletivo, principalmente os antigos que foram construídos sem planejar a acessibilidade, como o prédio Automóvel Club de Bauru, que tem 77 anos e limita a movimentação de pessoas por conta do tombamento que impede que sejam feitas alterações na estrutura.
Outro exemplo é a Câmara Municipal de Vereadores e a Secretaria de Obras, os lugares possuem escadaria na entrada, fazendo com que quem for cadeirante ou utilize muletas se locomova para o estacionamento do local, no caso da Câmara, “deve ir pela lateral, entrar pela garagem e por trás do prédio poder acessar”, já na Secretaria, “é necessário um funcionário descer e te atender lá em embaixo, nós estamos falando da Secretaria de Obras, que deveria dar o exemplo”, argumenta.
Adaptação à lei é mais frequente em locais privados. Foto: Amanda Sampaio

Adaptação à lei é mais frequente em locais privados. Foto: Amanda Sampaio/Círculo

Acesso para cadeirante como este em instituição privada não é tão comum nas ruas da cidade. Foto: Amanda Sampaio

Acesso para cadeirante como este em instituição privada não é tão comum nas ruas da cidade. Foto: Amanda Sampaio/Círculo

Saúde

O COMUDE levanta também preocupações em relação ao serviço de saúde pública oferecido pelo município, como a carência de preparo dos profissionais ao atender pessoas com deficiência, além da falta de veículos, como vans e ambulâncias adaptadas, principalmente quando o paciente necessite de tratamento em outras cidades.

Falta de apoio no esporte

Estimular o esporte para pessoas com deficiência tem sido complicado sem a participação da Secretaria do Esporte nas questões do COMUDE. Em 2011 foi inaugurada a Praça Paradesportiva de Bauru e até hoje o conselho questiona irregularidades do local, como a porta do banheiro estreita que impossibilita a entrada de cadeiras de rodas esportivas com 90cm.

Propostas do candidatos para melhorar a acessibilidade

À respeito das calçadas, Clodoaldo Gazzetta (PSD) propõe criar o programa “Calçada Legal” e o Plano de Alinhamento e Passeios com adequação à Lei de Acessibilidade. Defende um novo padrão de mobilidade e acessibilidade, além de promover atenção à Pessoa com Deficiência. Raul pretende a revitalizar e promover reformas em estádios distritais de Futebol Amador da cidade, além de apoiar, incentivar e criar atividades voltadas para pessoas com deficiência.

Raul pretende a revitalizar e promover reformas em estádios distritais de Futebol Amador da cidade, além de apoiar, incentivar e criar atividades voltadas para pessoas com deficiência.