Tiffany Pancas e Amanda Medeiros/ Círculo

A cada 40 segundos uma pessoa coloca fim a própria vida em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil 32 pessoas se suicidam todos os dias, de acordo com a mesma organização. Essa taxa já ultrapassou a quantidade de vítimas da AIDS.  O estudo aponta ainda que nove em cada dez casos poderiam ser evitados.Os dados impactantes mostram uma realidade que pode ser mudada se houver um debate sobre um tema tão importante e pouco discutido em sociedade.

Para a OMS, o suicídio é uma questão de saúde pública que precisa ser combatido. No estudo da entidade intituladoPrevenção do suicídio: um imperativo global”,  publicado em 2014, a entidade destaca a importância de fornecer orientações aos países-membros para tentar minimizar os impactos do suicídio. O problema figura como uma das prioridades do Programa de Saúde Mental da OMS, (Mental Health Gap Action Programme – mhGAP), que prevê um plano de ação para reduzir as taxas de suicídios desses países em 10% até 2020.

Para a psicóloga Amanda Dias, graduada na UNESP de Assis, a melhor forma de evitar é não menosprezar a dor do outro, ouvi-lo sem julgá-lo e tentar romper o silêncio se houver a possibilidade de suicídio. Dessa forma, possibilita ao outro expressar seus sentimentos. A especialista destaca ainda a importância de se conversar sobre o assunto, esclarecer as dúvidas e conscientizar a população como formas de prevenção. “Além pedir ajuda de profissionais da área como psicólogos ou psiquiatras, o importante é falar, conversar sobre o assunto, pois uma pessoa que tem pensamentos suicidas, não quer realmente tirar a própria vida, mas sim acabar com um sofrimento muito grande”, complementa Amanda.

Amanda Dias / Acervo Pessoal

Expressar o que sente pode ser libertador para quem se encontra com depressão, em meio a conflitos familiares, sentindo-se um fracasso na escola, no ambiente de trabalho, com contas atrasadas, um momento de descoberta sobre si mesmo, e até mesmo desavenças amorosas. Falar pode ser a melhor solução.

A prevalência de casos de suicídios entre jovens é alta. Publicado desde 1998 pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLASCO) com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), o estudo denominado Mapa da Violência, revela que entre 1980 e 2014 a taxa de jovens que tiram a própria vida entre 15 a 28 anos aumentou 26%.

“A adolescência por si só é um período de muitas mudanças em vários níveis, sendo eles sociais, familiares, físicos e afetivos. O adolescente vai ter que se reinventar nesse momento da vida. É um momento que ele parece não ter um lugar. Ele não é adulto, mas também não é criança. Quando somos bebês ou crianças, os nossos pais nos inserem no mundo. Eles que nos dão um lugar no mundo a partir do imaginário de cada um deles. Quando nos tornarmos adolescentes, iremos questionar e dar um novo significado a esse lugar que foi atribuído pra gente. É como se um adolescente fosse gestar a si mesmo para se inserir no mundo”, conta Amanda.

 

SETEMBRO AMARELO

Criada em 2o14 pelo  CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria), a campanha Setembro Amarelo tem como objetivo a  conscientização sobre a prevenção do suicídio por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela e ampla divulgação de informações, além de lertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo e suas formas de prevenção.

Mundialmente, o IASP – Associação Internacional para Prevenção do Suicídio estimula a divulgação da causa, vinculado ao dia 10 do mesmo mês no qual se comemora o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio.

Veja também:

https://www.cvv.org.br/blog/suicidio-ainda-e-subnotificado/

https://www.cvv.org.br/blog/porque-falar-e-melhor-solucao/