Amanda Sampaio e Fernanda Rosa/ Círculo
Imagens: Felipe Matheus, Luiz Augusto Ramos e Mariana Cândido / Círculo
Duas palestras abriram na última terça (18/04) a V Jornada Científica de Comunicação Social. Os doutores Katarini Giroldo Miguel, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), e Alberto Carlos Augusto Klein, da Universidade de Londrina (UEL), trataram do tema central “O invisível na comunicação: imagem e credibilidade”.
Katarini Miguel foi quem abriu a discussão sobre invisibilidade. Jornalista e professora da graduação e mestrado na UFMS, ela com experiência em comunicação/jornalismo ambiental, jornalismo radiofônico, assessoria de imprensa e consultorias para ONGs e movimentos socioambientais, com especialização em jornalismo científico no Labjor/Unicamp, mestrado em Comunicação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp/Bauru) e doutorado em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo. Com a forte presença do jornalismo ambiental em sua formação acadêmica, desenvolveu pesquisas sobre o papel do meio ambiente na construção da sociedade, além de desenvolver consultorias para ONGs e movimentos socioambientais. Em sua fala durante a palestra, a professora e jornalista, debateu as questões de duas minorias: a indígena e a mulher.
A jornalista conta que ao se mudar para Campo Grande, Mato Grosso do Sul se deparou com uma outra realidade. “´É um lugar onde estou vivenciando o outro, conhecendo uma nova realidade, fazendo com que as minhas pesquisas também tivessem que estar relacionadas ao está acontecendo naquele estado”, disse.
A presença do indígena na mídia
A pesquisadora destaca também que o Mato Grosso do Sul possui a segunda maior porcentagem da população indígena do Brasil, pessoas que vivem precariamente em “favelas”, as quais alguns chamam de “aldeias urbanas”, perdendo cada vez mais seu lugar para o agronegócio, além de serem um povo invisibilizado, sem espaço na mídia.
A representação equivocada do índio como alguém atrasado ainda é presente na mídia. “O índio não fala por ele”, afirma Katarini ao comentar que ainda acreditamos que o povo indígena precisa de alguém, uma fonte oficial, para falar por ele ou a respeito de algo que ele vivenciou.
A abordagem da mídia em relação a mulher
Sobre a questão da mulher, a jornalista diz que a mídia negligencia a fala da vítima, reportando versões oficiais e, com uma cobertura desconfiada, romantiza a violência. O resultado são casos isolados que acabam sendo esquecidos rapidamente. O MS é o segundo estado com a maior taxa de estupro no Brasil, enquanto Roraima lidera o ranking.
A crise no jornalismo e o compromisso em reverter a invisibilidade
A palestrante questiona sobre qual é o papel dos veículos de comunicação em relação à luta das minorias, sinalizando para o trabalho feito por veículo tradicionais, que geralmente são relacionados a credibilidade “nós não dependemos mais deles, mas não podemos negligenciar a importância que possuem para a construção da opinião pública. Os veículos tradicionais ainda são termômetros da esfera pública”, explica.
“A grande força do jornalista hoje em dia é a credibilidade”, destaca. Ela considera também a função atual do jornalista mais decisiva, uma vez que ele precisa buscar em meio a grande quantidade de informações compartilhadas manter a aliança entre os preceitos éticos e técnicos para dar espaço as questões relacionadas às minorias. A abordagem que a mídia trabalha com os Direitos Humanos, relacionando o emprego dele com atos delituosos, é um ato que ignora a luta das minorias em garantir seus direitos.
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