População derruba muro de Berlim. Foto: Reprodução/Divulgação

 

Amanda Medeiros/Círculo

Fronteira constitui-se como a parte limítrofe de um espaço em relação a outro, tais como exemplificam as áreas entre países, etnias e até entre povos dentro de um mesmo país.

O muro de Berlim erige-se de forma a exemplificar, sintomaticamente, o extremismo de ideologias econômicas e sociais, sendo construído por seres crentes na eliminação de conflitos por meio de repressão popular, sobre as quais os tijolos do muro constroem-se. 

No século XXI, a moda e a mídia manipulam a construção e a extinção de fronteiras pois exercem controle sob os que as criaram, como endossa o filósofo francês Gilles Lipovetsky, com isso, a apropriação e soberanias midiáticas são tão inevitáveis quanto cotidianas. O filme ‘Jogos Vorazes’, por exemplo, baseia-se em conflitos territoriais provenientes de estímulos provocados por um governo controlado por modinhas televisivas. Nada há de ingênuo nesta ficção que não se reproduza em países como Síria, Estados Unidos e ainda Brasil.

Outrossim, o resultado destas barreiras consolidam-se como apenas um em meio à tantos dispositivos foucautianos, que trabalham à favor do capital, afirmando assim, a teoria dos filósofos da Escola de Frankfurt. As grandes paredes que cercam os condomínios, protegem não só os moradores, mas sim o capital investido em carros de luxo e mansões milionárias. Enquanto isso,  o distrito 12 comandado por Katniss e Peeta, nega a alienação capitalista e acerta o público com flechas certeiras. A revolta dos cidadãos alvejaram e feriram fronteiras entre a metrópole e os distritos.

Ademais, o uso de slogans que rompem com os limites impostos pela sociedade e geografia liquefazem a rígida realidade caracterizada por incalculáveis fronteiras, teoria essa sustentada pelo filósofo polonês Zygmunt Bauman, “tudo que é sólido se liquefaz”. Empresas como Tim e Tam obedecem à nova ordem mundial, cujo foco é a sua própria quebra. A ordem da voraz Capital é a de desmantelar o bem estar social e manipular seus habitantes.

Holisticamente, as barreiras são um conjunto de interesses midiáticos e econômicos que extrapolam regras sociais vigentes, dessa forma, questionam a realidade imutável das grandes corporações. A eliminação ou criação destas fronteiras desafiam a sociedade e corroboram para o aumento progressivo de seres inseguros ou confiantes. O casal favorito das telonas exibe-se de forma cativante e hipócrita, uma vez que combate modinhas televisivas com um momentâneo caso de amor.