Em entrevista coletiva para os alunos do primeiro ano do curso de Jornalismo, os skatistas relembraram o começo de suas carreiras e comentaram sobre o skate nos dias de hoje

Por Júlia Martins

Wolnei dos Santos, mais conhecido entre os skatistas como Ral, é fascinado pelo esporte desde pequeno e, nessa época, já tinha o sonho de se tornar um profissional. Sonho este que se tornou possível em 1996, no Campeonato Paulista, onde participou na categoria amadora e levou para casa o título que viria a ser o divisor de águas em sua carreira de skatista.

Wolnei dos Santos (Foto: Reprodução/Facebook)

Wolnei dos Santos (Foto: Reprodução/Facebook)

No início, teve que lidar com o preconceito não só da sociedade, como também da família que, por não ter contato frequente com o esporte, não entendia o sonho de Ral. “O grande desafio pra se alcançar o sucesso, é conseguir passar pelas fases difíceis”, comenta relembrando o começo de sua carreira. Além disso, a falta de estrutura na cidade de Bauru, onde cresceu, tornava difícil a vida dos amantes do skate. “A falta de locais apropriados dificulta a evolução da prática no interior. É preciso usar a criatividade e partir para a improvisação”, afirma.

Sereno Sachs também partilha da paixão pela “prancha com rodinhas” desde criança, mas, ao contrário de Ral, não tinha tanto interesse pela profissionalização. “Não pensava em me projetar como profissional. O que eu queria mesmo era andar de skate”, conta. No entanto, acabou evoluindo na prática que levava apenas como hobby e passou a competir profissionalmente.

A questão do preconceito também marcou presença na vida de Sereno e, segundo ele, por mais que o esporte seja reconhecido, a discriminação ainda existe. Porém, afirma que as críticas acabam ajudando ao invés de atrapalhar, “A gente se torna mais forte, com mais vontade de andar de skate por aí”.

Atualmente, Ral e Sereno não participam mais de competições de nível profissional, mas afirmam com toda certeza que o skate nunca sairá de suas vidas. “Quando ando me sinto livre, feliz. Como se eu estivesse em um parque de diversões onde eu é que controlo os brinquedos… Acho que essa é a melhor definição”, afirma Ral. Apesar de terem o skate apenas como diversão no momento, ambos trabalham com assuntos relacionados ao esporte.

Sereno Sachs (Foto: Reprodução/Facebook)

Sereno Sachs (Foto: Reprodução/Facebook)

O Projeto Wise Madness tem como objetivo a prevenção do uso de drogas entre os jovens por meio da arte e do esporte e, uma das atividades são as aulas de skate. Estas contam com a participação de Sereno, que atua como voluntário proporcionando as alegrias do skate para as crianças de Bauru e da região. O projeto atende mais de 400 crianças por dia, além de pessoas de várias outras idades que buscam aprender o esporte. “A principal ideia do skate é a diversão. É você andar porque gosta e se sente bem fazendo aquilo. Sem contar que, o skate é a língua de uma grande parte dos adolescentes e jovens de hoje e é importante que estes jovens estejam fazendo algo assim ao invés de estarem nas ruas fazendo coisas erradas por aí”, afirma.

A marca de skate Alterna Skateboard, que é conhecida internacionalmente, foi criada em março de 2009 por Wolnei durante o período em que morou na Califórnia após se profissionalizar. Com conceitos como o estilo de vida e diversão em cima do skate, a marca também patrocina skatistas amadores, ajudando-os a prosperar em suas carreiras.

Ambos se orgulham em dizer que o skate mudou suas vidas em vários sentidos, e se esforçam para fazer com que jovens, adolescentes e até adultos consigam realizar seus sonhos. Os mesmos sonhos que Wolnei e Sereno tinham quando pequenos e que, graças ao esporte, os levaram bem mais longe do que qualquer um possa ter imaginado. “Vivi o sonho que eu tinha desde moleque”, afirma Ral com um sorriso no rosto.